sexta-feira, abril 04, 2008

O Blog

De facto, como pergunta - e bem - a Carrie, para que serve um blog? Para que serve um blog onde deveriam escrever quatro pessoas e para o qual só duas contribuem regularmente (sim Miranda, sei que estás aí a ler - a Charlotte nem isso, paciência)? Serve para nós, que escrevemos, ou para quem nos lê? Acho que para todos. Eu escrevo no blog como quem escreve um diário. Às vezes invento, outras vezes conto o que me vai na alma; às vezes misturo ficção e realidade, muitas vezes divago. Venho aqui falar convosco e comigo própria. É como ir ao psicólogo, alguém nos ouve e pouco ou nada diz, mas nós falamos e ouvimos o que dizemos, em voz alta. Esse ouvir faz-nos pensar, meditar, tomar posições e fazer alguma coisa para mudar o que está mal. Quando passo por aqui sinto-me assim. Não leio muitos blogs. Na verdade, quase não leio blogs. E tenho pena. É como falhar os programas e as séries de telvisão que achamos interessantes: sabemos quais são, qual o canal e a que horas são transmitidos, mas raramente ligamos o aparelho. Com os outros blogs sou assim. Passo por um ou outro, raramente deixo um comentário, respondo muito pouco ao que comentam nos meus posts. Não é falta de educação, nem tão pouco desinteresse. É uma forma de estar na blogosfera. Dizia que gosto de aqui vir. Gosto de ler a Carrie porque é minha amiga e assim estou sempre a par do que se passa com ela (não é verdade que falhamos, tantas vezes, o contacto com os nossos amigos?). Acho-lhe piada e, claro, se ela abandonasse este barco, eu ia com ela. Este blog é, acima de tudo, um espaço de amizade. E gosto de quem por cá passa. Gosto de saber que nos lêem (não faço ideia quantas pessoas são por dia, não sei sequer usar aquele meter não sei das quantas) e acho óptimo que nos comentem. E sim, creio que isto é um pouco do que eu sou. Não está cá tudo mas, confesso, não escondo muita coisa. A maior parte dos que por aqui passam não me conhece, pessoalmente, mas talvez seja já capaz de traçar traços (e passo o pleonasmo) da minha personalidade que muitos dos que comigo lidam desconhecem. Sempre gostei de escrever, tenho uns caderninhos espalhados por aí com coisas que escrevi ao longo da vida. Quase sempre coisas tristes. Mas também diários de viagem e outro tipo de pensamentos. Passo os dias a escrever e a ler, o que eu escrevo, o que outros escrevem. Às vezes penso no blog como um prolongamento do trabalho e não me apetece ligar o computador. Outras vezes deito-me a imaginar o que gostaria de ter escrito, quase me levanto para vir aqui, mas então desisto e penso que amanhã também é dia. Depois passam-me as ideias e fico sem dizer nada. Já vai longa a meditação, assim tudo de seguida, sem parágrafos, que os abandonei neste blog. Queria apenas deixar claro que a blogosfera me agrada, mesmo que não discutamos aqui a política nacional, as opções mundiais ou o intelecto do povo. Às vezes são as coisas simples que nos fazem felizes. E esta cidade já contribui para a minha felicidade.

4 comentários:

Anónimo disse...

nem mais, para isto tudo, sobretudo, para falar comigo e pensar, any problem?!

LurdesMartins disse...

É por tudo isso que eu gosto da Samantha!
Beijinhos

Ele disse...

Bom, muito bom.

Rosa Negra disse...

Dos melhores posts que já li da Samantha, pela simplicidade e sinceridade.
É para isto que serve um blog :)