sexta-feira, julho 31, 2009

quarta-feira, julho 29, 2009

pernas*


quando for grande quero ter as pernas da charlize, pode ser?

[*ou ando a trocar demasiados 'cromos' com o Miguel]

Visto no El Rastro

post a FB

Carrie acha que a estante dos Clássicos da Fnac é um sítio óptimo para se apaixonar.

terça-feira, julho 28, 2009

as desculpas não se pedem, evitam-se

Oiço-te, engulo em seco e fico com o coração muito pequenino. Perco todas as palavras. Sei que a única que me saí dos lábios, que repito uma e outra vez, de nada serve. Não apagará a omissão. O maior dos pecados entre pessoas que se querem tão bem.

do beijo ou da cegueira

"[...] Devia, antes, concentrar-me na personagem da cantora Kianda, essa mulher tão fácil de amor ("Decifra-me ou devoro-te", promete a Falcato), mas estou outra vez enredado nessas confusas coincidências e, talvez por isso, penso em Walter Lago Bom, no médico de Saramago, em Bartolomeu Falcato e nas muitas formas de alguém contrair cegueira para não ver o mundo tão claramente como via a mulher do médico. Pondero nisto e ocorre-me ainda essa espécie de cegueira que é beijar alguém com os olhos fechados, longamente e sem pressa, como se não houvesse mais mundo lá fora e tudo, afinal, se pudesse resumir a isto. E é bom. É muito boa esta cegueira."

Jorge Marmelo no P2 [sem link directo]

fim

"O que resta é sempre o princípio feliz de alguma coisa."

Dicionário Imperfeito, Agustina Bessa-Luís

domingo, julho 26, 2009

instantes

"Não temais pela minha sinceridade quando falo de mim, se vos disser que o melhor das minhas memórias são instantes e não horas nem dias."

Dicionário imperfeito, Agustina Bessa-Luís

sábado, julho 25, 2009

queimar os últimos raios de sol

queimam-se as últimas horas das verdadeiras férias de verão com direito a batidos de gelado de limão e polpa de morango generosamente regados com cachaça. quando chegar o almoço já estou bêbada. com sorte o suficiente para me embalar na viagem de regresso. pouca-terra-pouca-terra até Lisboa. de manhã houve guerras de água e areia, autênticas lutas de lama entre adultos, porque os petizes não estavam nem ai. ontem saltamos ao eixo na praia e à noite houve direito a passeio até albufeira. o algarve que odeio em todo o seu esplendor. ruas cheias de gente, com licença, desculpe, facilmente albarroada com um dos miúdos pela mão. Bares cheios, onde não cabe nem mais uma formiga, música e karaoke a furar tímpanos, ingleses rosados a ameaçar cancros de pele, de sandália e meia branca. depois o regresso a casa, o silêncio deste algarve que cada ano se faz mais meu, ruas quase vazias e espaço na praia para estender a toalha. volto sem vontade, pelos que ficam, pelo que me espera.

quarta-feira, julho 22, 2009

Procura-se

Grupo de mulheres onde não se fale de crianças

segunda-feira, julho 20, 2009

'cais sete, levantas-te oito'

Queria pegar nas minhas amigas e levá-las para um mundo onde o ‘para sempre’ e ‘final feliz’ sejam as únicas conjugações possíveis para a vida. Queria estar ai para te passar a mão pela cabeça e dizer-te que a tatuagem do outro, que por estes dias transformei num mantra, que repito baixinho quando ninguém está a olhar, faz mais sentido do que pensas. Que a dor vai passar e que o sorriso é a única coisa que te fica realmente bem.

sexta-feira, julho 17, 2009

Vazio

Sem nada para dizer há demasiado tempo. Nada preocupada com isso.

amanhã é outro dia

Quer queiramos quer não, há dias que nos obrigam a parar, a pensar na vida, frase feita e gasta de ser usada e abusada, a fazer contas de cabeça, a escrever cuidadosamente as colunas do deve e do haver, a olhar para trás, medindo a régua e esquadro, o quanto de nós ficou nos dias que já passaram, quanto estamos dispostos a dar daqui para a frente. Que escolhas faremos no caminho. E por mais que se pense, por mais que se tente ordenar ideias, fazer projectos, traçar planos, há dias em que nada faz sentido e quase tudo parece insignificante e fútil. Nesses dias mais vale juntar amigos à volta de uma mesa, [agora, dia, sou eu a depender das bondade de estranhos], dizer disparates e rir por tudo e por nada para esconjurar fantasmas. E depois, se a receita não for suficiente, é descer ao Tejo, encher a alma de maresia, a cabeça com as palavras dos outros, a pele de sol. Deixar-me embalar no jazz que sai das colunas, retribuir o sorriso do empregado de bar mais simpático de Lisboa e esperar que a amanhã seja mesmo outro dia.

sábado, julho 11, 2009

fico

Não fui ao São Carlos, não voltei a enterrar nariz no pescoço do homem do perfume. Mas a noite cumpriu-se. O mau humor a desaparecer na proporção exacta em que se abriu um sorriso. As mesmas ruas de sempre, copo de cerveja na mão, conversa boa, um largo escondido com uma bica, festas alucinadas e uma fuga estratégica — andamos a ficar bons nisto – para os sítios do costume. Por mais voltas que dê não imagino melhor forma de começar as férias. Dancei até que a Janis me mandasse para casa, tive direito a uma sessão de engate, subi a colina devagar. A noite foi promessa de dia, com as gaivotas a sobrevoarem as ruínas. As ruas acordam aos poucos e vai movimentada a cidade quando o céu ainda nem clareou. Ao longe o som de um galo, rouco, deslocado no meio dos prédios. Reordenar memórias. Escutar pedidos. Calar promessas. E voltar para casa, quando já se fez dia, de coração cheio, por entre o esvoaçar descontrolado dos pássaros à volta das árvores de uma colina de Lisboa.

terça-feira, julho 07, 2009

porque ainda há prazeres no caos

Tenho uma verdadeira pancada, mais do que confessada, por homens de calças de ganga e camisa ou t-shirt branca. Há qualquer coisa na imagem que me tira do sério. Talvez a culpa seja do homem que cozinhava para mim numa casa perto da praia, com o sabor do sal na pele muito morena, a fazer sobressair o branco, e os pés descalços no chão da cozinha. Não sei. Sei que hoje fiquei capaz de casar com um dos meus gestores 'xpto'. O homem a levantar-se da mesa do restaurante para me receber, todo sorrisos, o branco da camisa, sem gravata, sobre as calças de ganga e eu a derreter que nem uma tonta, a não conseguir pronunciar uma palavra, ainda por cima em estrangeiro. E o almoço todo, a desfazer-se em simpatias, com o seu very british accent, e eu sem conseguir pensar para fazer uma única pergunta minimamente inteligente, aos risinhos tipo adolescente. No final, sem que eu percebesse porque, foi cada um para seu lado, ele para o aeroporto, eu para o parlamento. Agora estou seriamente a pensar mudar de país.

domingo, julho 05, 2009

hoje era um bom dia

Hoje era um bom dia para fugir. Para fazer a mala, entrar num comboio sem destino definido, sentar-me à janela num compartido de primeira de um qualquer inter-regional, os desconfortáveis bancos de napa, a janela aberta sem os males do ar condicionado, o livro na mão e os olhos perdidos na vida que corre lá fora, a ouvir a conversa da família que sairá antes do fim, que me deixará sozinha com o rio lá fora, com a música que os phones debitam nos meus ouvidos, hoje podia ser Cohen ou então Sérgio, a falar da cidade que amanhece, a música que me há meses me deixa desassossegada. Ou então sentava-me nas escadas do comboio do Tua, as escarpas lá em baixo, a sensação de vertigem, o vento que não deixa respirar, nos phones tocaria Maria Rita, Fiona ou os Zero7, músicas sem o peso de qualquer história. Limpava a alma das mágoas passadas e presentes. Ia para qualquer sítio, numa declarada fuga para a frente, para longe de mim.

sábado, julho 04, 2009


[um bom decote faz mais pela auto-estima de uma mulher do que meses de análise]

sexta-feira, julho 03, 2009

Uma portuguesa nas Bahamas III





Portuguesa nas Bahamas II

Acordo com uma enxaqueca no dia de regresso a casa. Nao faz mal, ainda nem sao nove da manha e vou tomar o pequeno-almoco para ir, depois, dar uma volta pela ilha. Falei com o meu amigo taxista, o do neto, que vai levar-me por ai. Ontem o dia foi passado no hotel, a preparar a entrevista, a esperar pela entrevista, a fazer a entrevista. E uma mulher surpreendente, esta Shakira. Quanto mais falo com ela, mais gosto dela. Ouvi algumas musicas do novo disco e, honestamente, detesto-as! Mas nao sou o publico-tipo desta colombiana pouco mais alta que eu. Porem, dizem que o QI de Shakira e de 140 e eu acredito. Falar com ela e um prazer. E fez um enorme esforco para responder sempre em portugues, aquele que aprendeu em miuda, no Brasil. Ri-se, aplaude as minhas perguntas (!), sorri, fica pensativa, responde com calma e mistura o espanhol quando e preciso. Oferece-me o po compacto que usa no rosto para eu disfarcar os brilhos para a entrevista televisiva. Tenho pudor e nao aceito. Ela e demasiado bonita para eu partilhar maquilhagem. Dirao que sou uma tonta, quase com tendencias lesbicas, com esta Shakira. Nao. E que nao estou habituada a artistas famosos e interessantes, pessoas que nao sao o que aparentam, que sao mais, que tem mais para dar. Fiz-lhe um convite (que nao posso revelar) para a proxima visita a Lisboa. Aceitou. Vais ser uma cacha! Fico satisfeita com os resultados da entrevista e ate lhe peco para tirarmos uma fotografia juntas. Para a posteridade.

De manha passei uma hora na piscina, com as folhas na mao. O sol queima como nenhum outro e a agua estava mais quente que o ar. Garantido. Desisti do ocio para voltar ao ar condicionado do quarto onde pude ler com calma e sem o calor a distrair-me. A tarde fui filmar com o Steve, um free lancer fantastico, de Miami. Nunca foi a Portugal e na Europa so conhece Londres. Mas tem os Estados Unidos na ponta da lingua e invejo-o. E ele a mim. O John, um motorista que, sinto, me roubou 95 dolares por hora e meia de passeio, a procura de bons lugares para filmar, nao percebe nada da ilha. Tambem ele leva a filha no carro. Percebo que as criancas nao tem onde ficar, nas ferias, aqui em Nassau. Andam atras dos pais. Janele tem 6 anos e aos 17 quer ir ao Canada, como lhe prometeram. Nunca ouviu falar da Europa. Tentamos varios pontos de filmagem e sao todos fracos. John pensa que fazer imagens para televisao e como tirar fotografias: uma arvore aqui, uma casa ali... Finalmente encontramos uma praia com bahamianos a nadar. E, num tipico bar, quatro homens jogam domino a dinheiro. Filmamos. Um deles pede-me emprego. Tem os dentes da frente dourados.

As Bahamas tem muito de bom. E muito de mau.

quinta-feira, julho 02, 2009

Portuguesa nas Bahamas I

Bebo um cafe latte enquanto escrevo no lobby do Sheraton de Cable Beach, em Nassau, capital das Bahamas. Percebo que tudo e muito americano, por aqui - a comecar pelo teclado, como se ve - e arrependo-me de nao ter tido mais imaginacao que aquela que me levou a almocar, tardiamente, num Burguer King no centro da cidade. La, onde um gigantesco iate despejava turistas mais endinheirados que eu, aqueles que hao-de encher as lojas das ruas principais de Nassau, neste off shore que sao as Bahamas. Vejo relogios Rolex e Omega sem precos a vista, a espera que lhes perguntem quanto custam, arrisco a pergunta num technomarine para levar para casa e recebo 600 dolares de resposta. Nada feito. E sera dos mais baratos. As casas do city center sao de cores vivas ou adocicadas, amarelos e rosas e violetas clarinhos. Um taxista com o neto dentro da furgoneta leva-me a passear pelas zonas nao turisticas. Explica-me que mais de 75% da populacao e negra, que sao muitas as religioes que aqui operam, e por isso a quantidade inusitada de igrejas. E bares. Sao muitos, a cada esquina um novo bar, daqueles que aparecem no anuncio do Malibu. O velho taxista com a crianca de 4 anos ao lado, sem cinto, espalhada pelos bancos da frente da carrinha envelhecida, de sete lugares, diz-me que na parte mais antiga de Nassau vive a classe pobre. Ve-se que sim. Mas as casas sao desenhadas, pintadas, com banquinhos na soleira da porta como aquele em que se sentou Clint Eastwood em Gran Torino. O cor-de-rosa e a cor oficial das Bahamas, diz-me o meu novo amigo, e prossegue evitando o transito que vem do centro da cidade, que encerra as 17h30 (nao a cidade, em si, mas as lojas) e que traz para a zona de Cable Beach os mais ricos, ja cheios de compras. Sao quatro classes, aqui, continua a contar-me, a baixa, a media, a media-alta e a alta. Mas sao os pobres os que aqui vivem em maior numero. Em contrapartida, fala-me da pequena ilha por onde passamos e dos 22 quartos sobre as aguas limpidas - como nunca tinha visto - obrigados a encerrar depois de um terramoto em 1995. Robert Mugabe dormiu la, e nao percebo se o taxista me fala deste terrifico homem com orgulho ou, simplesmente, sem pudor. Ao lado aponta-me outra ilha. Pertenca de Eddie Murphy. Conhece? O comediante. Digo que sim e surpreendo-me com a riqueza que Hollywood pode gerar. Aqui nas Bahamas vive ainda Sean Connery, conta, e ate ja se naturalizou cidadao da ilha. Saio da carrinha com menos 20 dolares - dados de boa vontade - e um aperto de mao com a promessa de nos voltarmos a ver. Encontrei o guia certo. E o neto, a garantir seguranca. Amanha faco a entrevista aquela que ja quase podia ser minha amiga. E a terceira vez que nos encontramos. Uma hora de conversa, e o que nos espera. E tenho de maquilhar-me, como se valesse de muito. Felizmente estou com a pele bronzeada! Gosto de estar aqui.

estou para aqui a tentar decidir se escrevo sobre as pesquisas que levam uns quantos leitores a sentirem-se enganados no maiscidade - sexo com anões, sexo com a sogra, sexo com a branca de neve, sexo com a irmã, só para falar daquelas que me lembro assim de repente - ou sobre a capacidade que tenho de me lembrar de coisas inúteis na mesma medida em que não me lembro de muitos dos meus colegas de faculdade, já para não falar dos de liceu. e ainda dizem que é o queijo que faz mal à memória.