quinta-feira, junho 30, 2005

Sempre somos os primeiros em alguma coisa

"Portugal tem a droga mais barata da Europa"

In A Capital

quarta-feira, junho 29, 2005

Acho bem...

...que tenhas voltado de férias. Estava a sentir-me verdadeiramente abandonada (até pensei em enviar-te um sms a pedir a faquinha, mas depois lembrei-me da conta) nesta cidade sem sexo.

...que me dês na cabeça, mesmo que isso me deixe triste. É um daqueles estranhos sinais de amizade que só posso encontrar em vocês.

Acho mal...

...que a minha vida seja motivo de debate “público”. Principalmente porque daqui a dois dias há “Sexo e a cidade” (a última vez que escrevi isto houve cancelamentos de última hora. Que não se repita!) e eu podia ter contado (podia, porque agora já não conto coisa nenhuma, afinal parece que já todas estão informadas) na primeira pessoa e com pormenores certamente mais escaldantes (estes era preciso que os houvesse!).

terça-feira, junho 28, 2005

Carta à Carrie - Parte II

Minha amiga Carrie,

Achar a normalidade uma chatice não é mau. Procurar sempre chatices na vida é que não é normal!

A normalidade não tem de incluir pantufas com ursos, telenovelas à noite e um 'até logo' apressado. A normalidade não tem de ser '9 to 5'. Não tem de ser uma viagem monótona onde o ponteiro não passa dos 60 Km/h. A normalidade pode ter momentos tão bons, quanto anormais.

Acho normal que alguém escreva desenfreadamente num blog - Estou a fazê-lo agora, caso tenhas reparado nos últimos 'posts' - não acho normal que alguém queira, todos os dias, reescrever uma vida. O que ficou decidido, muda-se. O que ficou definido, altera-se. O que ficou arrumado, baralha-se. No blog, como na mente.

Mas se o blog tem uma opção de delete, não há-de a mente ter uma outra, de forward?

Querida Carrie... a ansiedade também não é um defeito. Nem um problema. Excepto quando é procurada, como forma de arranjar outro. Outro problema, naturalmente.

É onde quero chegar. Porque continuas a procurar a anormalidade que é ter, sempre, um problema? Não preferes deitar a cabeça na almofada, sossegada, sem stress, sem dramas, sem angústias?
Eu prefiro.
Quando não é assim, então fico triste. Angustiada. Mas prefiro pensar que há razões para não o estar, amanhã.
E se as há para mim...

Vai longa a carta que te escrevo. Não ta mando por sms porque isso levaria, à tua conta, mais uns algarismos que não queres ter. Não queres voltar a ter.
Voltar nem sempre é bom. Voltar a ter não é necessariamente o melhor.
Especialmente, amiga Carrie, quando nunca se teve.

Sempre tua,

A vida é muito difícil (mas não custa assim tanto viver)

Carta à Carrie - Parte I

Minha querida Carrie,

Tendo em conta o que te passa pela cabeça nada mais te resta que mudar de nome.
Samantha. Essa é que é a tresloucada do grupo.
A Carrie foi-me roubada.
E não estás a usar o nome com a moderação que ele merece.

Sempre tua,

Amiga preocupada com o uso indevido de uma certa e determinada personalidade

Solstício

Porque tinhas de nascer no dia mais longo?

Teoria sobre uma necessidade

Na prática, só preciso de um homem que seja heterossexual e que esteja livre. Porque todos os homens me fazem rir:
ou porque têm, realmente, piada...
ou porque são ridículos!

Necessidades

Preciso de um homem que reúna três qualidades: que me faça rir, que esteja livre, que seja heterossexual.

segunda-feira, junho 27, 2005

Ansiedades

Tenho uma horrível tendência para sofrer por antecipação. Há quem chame a isso ansiedade. Deve ser.

Vem isto a propósito de Junho estar a chegar ao fim. Ainda não passou uma semana desde o início do Verão, mas depois do solstício os dias já estão a ficar mais curtos e eu começo a temer a aproximação do Inverno. Principalmente em dias como hoje em que o sol consegue estar mais tímido do que eu. Sim, sei que ainda faltam pelo menos três meses até ao Outono, mas que querem?

É por estas e por outras que passam a vida a dizer-me que não sei aproveitar o que a vida me dá… eu sei que não é normal. A verdade é que acho a normalidade uma chatice, ainda que poupe muito trabalho.

domingo, junho 26, 2005

Cap pas cap II

Violei as minhas próprias regras. Perdi o desafio. Resultado? 1-1

sábado, junho 25, 2005

A tua voz

Decorei a tua voz. Leio e releio duas páginas de um livro de capa amarela, mas é a ti que oiço pronunciar aquelas palavras.

“É aí que ela te prende o pescoço de novo, mas com as pernas, gostas daquele cheiro, davas tudo por aquele cheiro agora, sempre, na hora da tua morte, como numa oração que dizes na igreja.” Leio e releio, mas és tu quem marca o compasso deste poema feito em prosa.

“E depois retomam-se um ao outro, rosto contra rosto, onde está o meu rosto mergulhado no teu?, onde está a tua língua tão longe da minha?, sinto ainda o meu próprio sabor na tua língua que antes tinha outro sabor, outra textura, e a minha língua tem o sabor que às vezes recordo, não sei bem como é esse sabor, fecho os olhos tantas vezes a meio da noite para recordar esse sabor, e então lentamente, experimentas entrar nela, ela entra em ti, é isso, foste tantas vezes penetrado por ela como ela por ti, segredos de amor intenso, de amor tenso, perfeito e seguro...” Leio e releio, mas é a tua voz que completa as frases, enquanto eu continuo deitada num tapete vermelho.

“Reconheces ainda o calor dos braços, o último, o mais intenso perfume da noite?, chamas perfume a isso?, é mais um cheiro, um cheiro animal e inquieto, o cheiro vadio de uma noite e de todas as outras que estão antes e estão depois, se estiverem”. Leio e releio, mas é a tua voz que encerra esta oração em jeito de despedida.

sexta-feira, junho 24, 2005

Alguém arranje um quarto aqueles senhores, sff

Há vantagens na vida de solteira. Como sair de casa a horas completamente impróprias apenas porque sim. Ontem apeteceu-me conduzir um bocado e ir cumprimentar o rio.

Há um lugar de que gosto especialmente, porque me lembra coisas boas, e onde tenho ido com alguma frequência. É um sítio calmo, que aos fim-de-semana está cheio de desportistas e pais que levam as criancinhas a brincar na relva. À noite há sempre uns tipos com umas canas de pesca e muita iluminação, o que me transmite alguma segurança. Gosto de lá estar com o carro virado para a foz, de maneira a que a minha janela fique do lado do rio.

Ontem à primeira tentativa de estacionar fico com os faróis virados para um carro onde, estranhamente (!), havia duas pessoas do lado do pendura. Ok. Já percebi e não me apetece passar por ‘voyeur’. Inversão de marcha até encontrar outro lugar onde pudesse deixar o carro como queria. A diferença? Agora estão duas pessoas no banco de trás. Não quero saber. Fico mesmo aqui. Saio do carro, sento-me no passeio, mas não aguento muito tempo por causa do frio. Volto para o carro e ainda penso que os tipos estão com certeza demasiado entretidos para dar pela minha presença. Desisti quando a rapariga com o maior dos à vontades resolve despir a t-shirt do namorado.

Alguém é capaz de arranjar um quarto aqueles senhores, sff.

quinta-feira, junho 23, 2005

Desabafo do dia

Amem-me. Odeiem-me. Mas não me ignorem.

Acordar

O pior são as manhãs. O acordar. Aqueles primeiros segundos de lucidez. Demora mais tempo a abrir os olhos. Procura o despertador às apalpadelas, desliga-o. Agarra-se aos últimos instantes de inconsciência, como se assim pudesse anular a realidade.

quarta-feira, junho 22, 2005

(In)Competências

Há coisas que continuam a ser para mim um verdadeiro mistério. Não, não estou a falar do sentido da vida. É algo bem mais básico, como a competência de algumas pessoas para chegarem a lugares de chefia. Acabo de ter uma discussão absolutamente inútil com o meu chefe. Inútil porque ambos estamos de acordo, mas como há ordens que vêm de cima não há nada a fazer. Valore$ mais altos se levantam. Não estão a perceber nada? Nem eu!

Balde de água fria

Há coisa de três semanas decidi-me a acabar o meu mestrado. Afinal só falta uma cadeira para avançar com o que realmente quero fazer: a Tese. É daquelas coisas que sei que me vai dar muito trabalho, mas também um gozo enorme. Além disso, estava decidida a parar com esta mania de deixar tudo a meio. Queria, uma vez na vida levar alguma coisa até ao fim, mesmo que com dois anos de atraso.

Hoje recebi a má notícia. A cadeira é do primeiro semestre, ou seja, já era. Agora vou ter que esperar mais um ano para me voltar a inscrever. Fiquei desolada. Foi tipo balde de água fria. E eu que até estava bem disposta...

A Sudoeste

Dois dias longe do mundo. Telemóvel desligado. Dois dias em silêncio a pôr as ideias no lugar. Devorei páginas e páginas do Torrente Ballester. Deixei-me embalar no barulho das ondas. Fiquei na praia até o sol desaparecer no horizonte. Voltei retemperada. Com outras cores e um sorriso nos lábios.

Devia ser Verão o ano inteiro…

domingo, junho 19, 2005

Ano Novo

As minhas desculpa a todos aqueles que abriram a garrafa de champanhe e comeram as 12 passas à meia-noite do dia 1 de Janeiro. Temos pena, mas o ano novo começa hoje.

sábado, junho 18, 2005

Gato Fedorento em Coimbra

Meu amigo, isto o que aconteceu foi muito simples. Na quinta-feira conheci a R.. E em menos de um fósforo estava a ser confrontada com certas e determinadas situações. “O que fazes amanhã? Queres ir a Coimbra ver os Gato Fedorento?”. Há palhaços que falam, falam, falam, ninguém os vê a fazer nada. A R. é o oposto.

Agora era a altura em que devia entrar o “Ah e tal. Ah e tal.” – o que em mim não seria nada de estranhar, como vocês bem sabem –, principalmente porque o convite, vindo de uma pessoa que conhecia há menos de cinco minutos, me pareceu-me um bocado despropositado. Mas ao contrário do que é costume passei directamente para o “ah e tal não.”. "Claro que sim." Já tinha visto o espectáculo, mas achei que estava pronta, mais do que isso, desesperada por repetir a dose de gargalhadas.

Ontem lá fui, à boleia com A Vida é Muito Difícil pela A1 acima. É fácil chegar a Coimbra, mais difícil é dar com o Pavilhão Multiusos. Mesmo assim, chegamos a tempo de ver os rapazes entrar em cena. Mais uma vez não desiludiram e mesmo que tivesse pago bilhete teria dado o dinheiro por bem empregue (aproveito para confessar que das duas vezes em que vi o espectáculo não contribui para o cachet dos 'Gatos').

Acrescente-se que o espectáculo acabou por ser um dois em um: gargalhadas (muitas!) e sauna. Aconselha-se qualquer um que pretenda ir ao dito Pavilhão Multiusos a não levar mais do que o fato-de-banho. Ao que parece o Tribunal de Contas achou que já chegava de gastar dinheiro e resolveu que não havia ar condicionado para ninguém. O resultado é infernal.

Além disso, tivemos o privilégio da companhia do Zé Diogo, do Tiago, do Miguel e do Ricardo (estranhamente o mais introvertido dos quatro) ao jantar. N’O Horácio, uma espécie de tasca mas que servia jantares mesmo depois da uma da manhã, os rapazes foram constantemente assediados com pedidos de autógrafos e demonstraram ter uma paciência de santos (o que, diga-se a abono da verdade, deve ser a única coisa que os poderá colocar no caminho da salvação). Foi engraçado constatar que os quatro têm realmente um sentido de humor apurado, mesmo nas conversas mais banais, sem qualquer tendência para cair na piada fácil ou mesmo em palhaçadas.

A noite acabou tarde. Muito tarde. Ainda que sem o prometido jogo de King ou Canasta, que ao que consta, é o ponto alto dos fins de noite de espectáculo. Valeu a pena ter dito que sim sem hesitar. E por isso aqui fica o meu beijinho à R. pelo convite.

Para os 'Gatos' que se cumpra o brinde de A vida é Muito Difícil: "Que um dia tenham sucesso"!

sexta-feira, junho 17, 2005

Cinco desejos

“Se eu fosse um dia o teu olhar,
E tu as minhas mãos também,
Se eu fosse um dia o respirar
E tu perfume de ninguém.”

Estamos em 1991 ou 1992, já não me recordo bem, é uma noite quente de fim de Verão... Ops… Acho que não é bem assim. Foi ontem à noite junto ao rio, mas o Pedro Abrunhosa continua a fazer parte do meu imaginário juvenil e senti-me com se tivesse 17 anos.

Que me perdoem os que tem opiniões contrárias, mas o homem definitivamente não sabe cantar. Salvaram-se os dois personagens brasileiros que o acompanharam ao microfone.

Seja como for a noite valeu a pena. Revi o Matrix - que vale o que vale - num ecrã gigante mesmo em cima do rio, iluminado por uma lua em quarto crescente e um céu totalmente estrelado como poucas vezes se vê nesta cidade. Até tive direito a ver uma enorme estrela cadente cair lentamente sobre a outra margem do rio. Pedi os meus cinco desejos. Nenhum deles era ser fotografada junto a uma figura pública para uma revista social.

PS: Escusam de perguntar qual era a revista. Não tive coragem de perguntar. Nem quero saber. Só espero que o rolo se tenha queimado, que o fotógrafo tenha sido assaltado, ou coisa parecida. A R. que me desculpe.

quinta-feira, junho 16, 2005

Indumentária e conduta

Um destes Sábados, o Expresso fazia a manchete do caderno de Economia com o Código de Etiqueta da Caixa Geral de Depósitos, debruçando-se com bastante insistência na indumentária dos colaboradores (ou pelo menos essa foi a parte que mais chamou a atenção da pessoa que me leu a notícia).

Dizia o maior e mais prestigiado semanário cá do burgo que os ditos colaboradores não deveriam usar fatos castanhos, gravatas berrantes ou camisas de manga curta. Em relação às senhoras só me lembro que as saias deveriam ser uns dez centímetros abaixo dos joelhos. É óbvio que a notícia (antes a não-notícia) merece ser comentada por si, mas não é essa a razão deste post. Isto para dizer que:

Decidi por unanimidade, e sem possibilidade de recurso, implementar no meu pasquim um código de conduta e vestuário. Assim, passam a ser proibidas:

- Camisas brancas e calças de ganga
- T-shirts vermelhas
- T-Shirts cinzentas
- Coçar a barriga
- Sentar em cima das secretárias
- E, acima de tudo, poses lânguidas em cima das mesmas.

A partir de agora, só calças cremes e camisas aos quadrados!

Partimpim

Entrevistei hoje a Adriana Calcanhotto, numa versão a que chama Partimpim. Levei-a a uma escola, em Lisboa, para poder ver como reagem, os miúdos, à música que ela canta.

Canta ela, como todos cantam com ela, um poema 'roubado' a Abdullah & Cacá Moraes. Deixo um excerto:

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo
Por quê?


Porquê? Pergunto. Porquê.
Todos os miúdos da escola onde levei Adriana sabiam esta música de trás para a frente. Cantaram sozinhos, com ela, todos juntos. Trouxe-a, como tantas vezes a trago, na memória que trauteia cada acorde do 'violão'.

Há muito que conheço esta versão de Adriana. E há muito que lhe procuro interpretações infantis. Não consigo. Mesmo a falar do Piu Piu, e do Frajola, da bochecha e da bola... não distancio esta letra de um mundo crescido, adulto, doloroso e triste. Que é o da solidão.

Amor ou consequência

O filme é tão assustador quanto maravilhoso. Maravilhoso porque nos encanta, nos enleva e nos transporta para um mundo que tanto pode ser passado, como presente. Assustador porque nos recorda que já vivemos aquele jogo. Ainda assim, continuamos a jogar.

Nas relações - especialmente nas de amor ou paixão - muito gostamos de ver quem faz o quê, a seguir. Muito gostamos de medir as palavras e as acções, à espera que o outro o faça primeiro. Desde que o mundo inventou o sms, e o e-mail, e as formas de comunicar meditadas... desde então deixámos de ser nós. Eu deixei um bocadinho. Não generalizo, então. Eu deixei um bocadinho...

Gostava de poder fazer tanta coisa de outra forma. De dizer o que não disse, de decidir quando hesitei, de chorar quando sorri, de sorrir quando gritei. Gostava. Só para ter a certeza que não é um jogo, isto tudo. Que estar com alguém.... um dia, um mês, 10 anos... não é um jogo. Nem tão pouco um desafio.

Não pode ser apenas um prazer?

Talvez amor ou consequência queira apenas dizer que amar, amar, de facto; só pode ter consequências. Nalguns casos desastrosas.
Ora bolas.

Animada

Mais animada desde que te li, desde que te ouvi, desde que contigo assisti, em pranto, ao tal jogo de crianças que é, afinal, um filme sobre o amor.

A ausência não é estar longe, nem tão pouco não aparecer, não telefonar, não perguntar. A ausência é o desinteresse. É possível estar lado a lado com alguém sem realmente estar acompanhada. É possível não ouvir uma voz durantes dias, mas tê-la na memória de forma tão clara, tão presente, que é como se estivesse sempre a dizer-nos: 'Olá. Estou aqui.'

Ouvi a tua voz, várias vezes. Como agora.

quarta-feira, junho 15, 2005

Decisão do dia

Deitar fora o telemóvel e passar a comunicar apenas por sinais de fumo!

...

Algo me diz que vai ser uma semana longa e difícil...

Ânimo

É nestas alturas que gostava de escrever como tu. De pôr no “papel” tudo aquilo que te pode dar alento e coragem. Mas hoje, como ontem, só me vêm à cabeça frases vazias, sem sentido, coisas que pouco mais são do que psicologia barata.

Sei que há coisas que parecem pouco mais que miragens, mas mesmo que o sejam, está na altura de dares o salto. Arrumar de vez os medos numa caixa, que até pode ser verde alface, e deixares que os outros se aproximem de ti. Baixa as defesas uma vez que seja. É provável que no final acabe por doer. E talvez doa muito. A vida não é justa, e quando é, é só por breves instantes. Mas nunca saberemos o que virá a seguir se não arriscarmos.

Sinto que não estive ao teu lado quando mais precisaste e espero poder agora colmatar essa ausência. Tal como tu também eu tenho telefone ligado. Sempre. Às horas que precisares.

Dá uma oportunidade aos outros. E, já agora, dá uma oportunidade, a ti própria, sim?

Um beijo, com a esperança de que hoje seja um dia melhor que ontem.

Sonhos II

Acordou quando o sol ainda não tinha nascido. Pressentiu uma presença ao seu lado e abriu os olhos. Na almofada apenas um traço de luz que os cortinados deixavam passar sem grande convicção. Levantou-se. Foi largando o pijama a caminho da casa de banho. Entrou na banheira e deixou a água correr sobre si até que se soltaram os últimos farrapos do sonho.

Cap pas Cap*

Filme obrigatório para românticos (seja mulher ou homem, porque duvido que até mesmo o auto-denominado sexo forte consiga sair da sala sem derramar uma lágrima!) incuráveis. Uma história sobre desafios. Sobre as partidas que a vida nos prega (ou seremos nós a pregar partidas à vida?). E, acima de tudo, sobre o maior de todos os jogos: o Amor.

Há lá uma mensagem para quem quiser ver com atenção. Eu recebi a minha.

* Isto não têm nada a ver com o título do filme – "Jeux d' Enfants", em português "Amor ou Consequência" –, mas se forem ver percebem.

terça-feira, junho 14, 2005

q.b.

Passei o dia convencida que ontem não tinha acontecido mais nada no País e no mundo além da morte do Álvaro Cunhal e do Eugénio de Andrade. Finalmente vi a luz: abri o Correio da Manhã. Parco nos elogios post mortem (acho que já escrevi isto noutro lado...), que nos outros jornais foram explorados até à exaustão, até ao enjoo, o CM dá a notícia e até fala da vida dos senhores e do contributo que deram para o País. É o que, nas receitas de culinária, se chama q.b..

Preocupações

Ela começa a ficar preocupada quando a médica – que nunca a levou muito a sério – lhe diz: “Isso está mal”.

Comida

Existe uma estranha relação entre morar sozinha e acordar a meio da noite para comer. Já não me acontecia há quatro anos. Esta é que Freud explicaria de certeza.

Sonhos

Há semanas que não me lembrava dos meus sonhos. São tão e qual o que imagina.

PS: Não, não vou contar. Recuso-me a ser alvo das vossas interpretações Freudianas.

segunda-feira, junho 13, 2005

Desarmada

Ela saiu de mansinho, como se a falta de uma despedida pudesse apagar outras ausências. Saiu como quem foge à vida. Passo firme e andar ligeiro calçada abaixo. O pior foi ter que voltar atrás. Cruzaram-se à entrada, ou à saída, dependendo da direcção que se toma. O sorriso dele apanhou-a desprevenida. Desarmada. O rosto dela mostrou o desprezo que não sentia. Quando se apercebeu era tarde para voltar atrás.

Perdições

A Fnac vai ser a minha perdição. Não é a única, mas é talvez a mais problemática. Vai directamente à minha conta bancária, que diminui na exacta proporção do espaço disponível nas prateleiras lá de casa.

As mulheres quando estão deprimidas compram sapatos, malas, roupa. Eu vou à Fnac, qual agarrado à procura da próxima dose. Problema acrescido porque também lá vou quando não estou deprimida. Vou e pronto! E, agora, a tentação é tão grande. Que culpa tenho eu que haja uma a caminho de casa? É a mesma coisa que colocarem uma ‘slot machine’ à entrada do metro.

Bem tento convencer-me a comprar com moderação. Um livro de cada vez. Uma história esta semana, mais um volume na próxima. Mas comigo nada acontece com moderação, certo?

Depois da ida à Feira do Livro (bastante decepcionante este ano, o suficiente para não ter voltado. Talvez me redima mais logo) em que levei para casa (só) três novos amigos – três estórias a estrear, com o cheiro que só os livros novos transportam, virgens, a transbordar de palavras para serem consumidas com a ansiedade de um primeiro beijo –, hoje voltei à Fnac. Resultado... Mais um livro. Estou a pensar em procurar ajuda, qualquer coisa do género “Jogadores Anónimos”. A sério. Ser viciado em jogo não pode ser muito diferente disto.

PS: Sim, estou absolutamente desocupada e a perguntar-me porque raio não estou a gozar o feriado como o comum dos mortais. Já agora, aproveitava e punha as leituras em dia…

Feriado

Esta cidade devia ser sempre assim. Sem carros. Sem filas de trânsito. Sem barulho. Sem gente. É certo que deixaria de ser esta cidade. Temos pena e proponho que se decrete feriado municipal os 365 dias do ano.

Ressalva: Vocês as três TÊM de trabalhar. Ok, podem não trabalhar, mas devem andar por cá. Façam o favor de voltar que me sinto sozinha nesta cidade sem sexo. Já não tem piada escrever para mim e ler-me a mim própria. Voltem, juro que vos perdoo.

Claro que há sempre a hipótese de parar de escrever, certo? Naa...

Jacarandás

Esta cidade foi invadida pelas flores lilases dos Jacarandás. Sempre amei aquelas árvores que em Junho ficam carregadas de pequenas flores e anunciam que o Verão está mesmo aqui ao virar da esquina. Confesso que só agora descobri como se chamam. Que querem? Não precisamos de dar nomes às coisas para sentir que nos fazem bem, para saber o quanto gostamos delas. Além disso, descobri, há poucos dias, que existe nesta cidade um verdadeiro culto às ditas árvores.

Pela parte que me toca, saio todos os dias do jornal, sinto o bafo quente das noites de Verão – que este ano chegaram mais cedo, com esta onda de calor que, a um só tempo, me entorpece os sentidos e me concentra a sensibilidade em cada milímetro de epiderme –, que se mistura com o cheiro das flores lilases, e respiro fundo. O cheiro. O cheiro. O cheiro. Invariavelmente fico com vontade de ir a pé para casa. Adiar o mais possível a hora do Adeus, que eu sei ser pouco mais do que um ‘Até Já’ mais prolongado.

É com um ‘Até Já’ mais prolongado que todos os dias me despeço das flores que vão caiando e criam por estas ruas, avenidas e praças um lençol azul em tons de roxo. Caminhar por estes dias nas ruas desta cidade faz-me lembrar como a vida é bonita, mas infinitamente frágil. Mas faço-o com a certeza que daqui a um ano lá estarão de novo os Jacarandás floridos. E lembro-me, que tal como aquelas flores lilases, também nós vivemos por ciclos e renascemos sempre que a vida nos obriga.

Cronómetro

A Zeros.

domingo, junho 12, 2005

Passado

O passado fez-me chorar até ficar desidratada.

Ler, ler e ler*

Quando um tipo não tem vida própria, vive com a dos outros.

* Post roubado em marmelo.blogspot.com

(In)Felicidade

Porque é que a nossa felicidade implica sempre o sofrimento de alguém?

sábado, junho 11, 2005

Prazeres

O sol. O mar. O som das ondas. Chuva nos dias quentes. O cheiro a terra molhada. O céu da Serra nas noites de Agosto. Conduzir sem destino. Ouvir música alta. Fazer a A23 a 160 a hora. Malmequeres. O branco. Gargalhadas. Sorrisos. Surpresas. O cheiro a queimado nas noites de Verão. O fumo das lareiras nas noites de Inverno. Camisas brancas e calças de ganga. Pés descalços. Acordar cedo nos dias de Verão. Livros. Jornais. Histórias bem contadas. Nova Iorque. Times Square. Livrarias. A Barnes & Nobles. O Sena. Dias tórridos em Sevilha. A Praia Verde. A Carrasqueira. O cheiro a maresia que se adivinha na foz do Rio desta cidade. Madrugadas junto a um Rio da minha infância. Conversas noite dentro. O fumo de um cigarro a diluir-se na penumbra de uma sala à luz das velas. Não ter horas marcadas. A languidez do final de dia na praia. Banhos de chuveiro. Banhos de mar. Massagens. Crepes com gelado da Häagen-Dazs. O Ideal. Pizza com frango, banana e natas. Comboios. Cerejeiras carregadas. Árvores. Subir a árvores. A relva. O carvalho da Serra. Andar de baloiço. Fotografias. Rir. Chorar. Beijar. Dois corpos que se tocam. As ruas desta cidade. Dar mimos. Andar descalça na areia. A praia no Inverno. Uma lareira acesa nos dias de chuva. Os meus amigos. Escrever. Sonhar. O calor. O Yoga. Uma esplanada ao pôr-do-sol. O chocolate quente do Café Casino de Santiago de Compostela...

sexta-feira, junho 10, 2005

Hummm...

Hoje não fiz rigorosamente nada. Mas nada mesmo! Sabe bem. Sabe tão bem....

Passei horas deitada na areia a olhar o mar. Muito quietinha para não quebrar o encantamento de me limitar a existir. Sem pensar. A deixar que o cheiro a mar me inundasse a alma. Que o barulho das ondas ocupasse o espaço deixado por outros silêncios. Funcionou.

Pena que o efeito tenha prazo de validade. Fica a promessa de amanhã repetir a dose.

Recado II

Tenho que aprender a viver sem ti, para poder viver contigo.

O que não nos mata, faz-nos mais fortes, não é?

PS: Como imaginam a primeira frase deste post não é dirigida a nenhuma de vocês. É só um recado. Daqueles que, de tantas vezes repetido, não pode ser senão verdade. E não, não é desse “viver contigo” que estou a falar!

quarta-feira, junho 08, 2005

À espera de melhores dias

Não me falta tempo. Sabes bem que nunca falta quando realmente queremos. Pode sempre roubar-se ao sono.

Falta-me antes a capacidade de pôr as coisas em perspectiva, de ver além do momento presente. Falta-me aprender a controlar esta inquietação.

Disse um dia que não faria deste blog um “muro das lamentações”. Esperam-se, por isso, melhores dias.

terça-feira, junho 07, 2005

Coragem

Quando penso no suicídio fico sempre sem saber se ele implica falta, ou excesso de coragem. O que custa mais... viver ou morrer?
É por pensar na coragem, nesta perspectiva, que nunca sei qual é a atitude mais corajosa. Desistir ou Insistir?
Não gosto de julgar o que faz cada um desde que, um dia, fui sujeita a julgamento. E perdi. Também eu fui confrontada com a falta de coragem que, pensava eu, era de quem desistia. Mas não só, pensei depois. Também eu não tive coragem de desistir, ou de impedir a desistência. Ou, simplesmente, de nunca permitir que a coragem fosse, entre nós, motivo para decidir.
O Amor, neste blog, é o mais importante dos sentimentos. O que mais tinta faz correr... Como o é, para cada uma de nós - quatro, por agora três - que aqui escrevemos. O Amor, seja de que forma for, é, em si, um acto de coragem. Ultrapassa a cobardia de ficar a ver, ultrapassa a ousadia de o procurar. O Amor é - para mim - a mais profunda palavra sem explicação que não seja a que o sentimento guarda. E ele guarda, por cada um, uma forma diferente de amar.
Não bate certo?
Falta de hábito. A minha...

P.S.: Sabendo eu que há, por esta cidade sem sexo, quem queira ler nas entrelinhas mais do que elas dizem aviso, desde já, que a referência ao suicídio é inocente, factual, e quase sociológica. Sem dramas, portanto...

Falta

... de tempo deves ter agora. Há dois dias que não há um 'post' teu, neste blog. Parece-me que o teu paraíso em forma de futuro anda a ocupar-te a cabeça. Que assim seja. Desde que nunca dês este, como um tempo perdido.
(e não, não estou a citar Marcel Proust)

domingo, junho 05, 2005

Outra vez o tempo

O mundo parou, sem relógios, sem porteiros. Parou simplesmente. Parei com ele. Tantas vezes senti o que nunca tinha sentido, que por momentos acreditei que nascia de novo.

A felicidade eterna é uma quimera. O momento presente está perigosamente próximo do paraíso. Se isto não é felicidade, então o que é?

PS: O que importa não é o tamanho dos passos. O que interessa é a velocidade com que são dados.

A tempo e horas

DEIXEM-ME EM PAZ!

Ass. Vinicius

Contra(tempo)

“A existência
encerra em si
dois ponteiros sem relógio.
É assim que,
mesmo na inevitável direcção do tempo,
nos perdemos tantas vezes
em horas sem sentido".

Em vésperas de partida, também eu "reescrevo" Vinicius. E como que a sair de fininho e sinto-me aliviada. Sou cumplice sem o ser. .., ou serei? A ousadia nunca foi o meu forte. Mas admiro quem vai à luta. É tão mais fácil ficar a ver os dias passar. Beijos pré-africanos.

quinta-feira, junho 02, 2005

É preciso mais (Tempo)

A existência
só por si
é bem melhor sem relógio
só com um simpático porteiro
um ou dois minutos por dia. Chega...
Está na hora
de encontrares o sentido
e mudares de direcção.
Há tempo.

'a vida é muito difícil', numa adaptação livre de Vinicius de Moraes

Que querem? Deu-me para aqui.

Tempo

“A existência sem ti
é como olhar para um relógio
só com o ponteiro dos minutos.
Tu és a hora,
o que dá sentido
e direcção ao tempo.”
Vinicius de Moraes

Que querem? Deu-me para aqui. No próximo fim-de-semana de “sexo e a cidade” levo o CD para perceberem porquê.

quarta-feira, junho 01, 2005

Espelhos

Tenho andado a ler Goethe com a terrível sensação de me estar a ver ao espelho.

PS: Volto ao post anterior só para vos dizer que o “foste” do último verso é isso mesmo.

eyes wide open

É por vezes quando as luzes se apagam que os meus olhos mais se abrem. Acontece-me mais do que gostaria. É como se, abrigados na escuridão, perdessem o medo de se expor, de deixarem ver o que lhes vai na alma. Tenho a certeza que foram apenas segundos. Foi quanto bastou para que angústias e invejas viessem à tona, confirmando-me de vez porque é que a noite pertence aos lobisomens e homens afins. É à noite que mais me assusto a mim mesma quando à espera de me encontrar pareço perder-me ainda mais.

O que tinha que ser...

Porque foste na vida
a última esperança
encontrar-te me fez criança.

Porque já eras meu
sem eu saber sequer
porque és o meu homem e eu a tua mulher.

Porque tu me chegaste sem me dizer que vinhas
e tuas mãos foram minhas com calma,
porque foste em minha alma como um amanhecer,
porque foste o que tinha de ser.

Maria Bethânia canta Vinicius de Moares