segunda-feira, outubro 31, 2005

Direitos humanos

Acender um cigarro em Nova Iorque é a mesma coisa que pedir que nos fuzilem ali mesmo. Na verdade não lhes dou muitos anos para que criminalizem o consumo do tabaco. Fumar dentro de um edifício deve ser punido com a pena de morte, por isso cada vez que os níveis de nicotina descem abaixo do desejado lá vamos parar ao meio da rua.

Na New York Stock Exchange, onde passei quase seis horas, vinguei-me obrigando a ‘baby-sitter’ de serviço (nenhum visitante pode andar sozinho, só falta entrarem connosco para a casa de banho) a descer duas vezes do sexto andar. Nos restaurantes levantamo-nos a meio das refeições, correndo o risco de passar por anti-sociais, o que no meu caso também não é mentira nenhuma. Obrigados a fumar na rua enfrentamos, ainda que só em Outubro, outro inimigo mortal. O frio.

Sexta-feira à noite, enquanto fumava e tentava controlar o bater dos dentes, antevendo já uma valente constipação dei comigo a pensar: Será que esta gente já comparou o número de pessoas que morre de cancro no pulmão com as mortes causadas por pneumonia? Terão feito as contas a quanto gasta o serviço nacional de saúde numa e noutra situação? Já fizeram? Ah sim? É mais barato proibir o consumo do tabaco? Então e os direitos humanos? Ah? De certeza que há alguma cláusula que impeça os Estados de maltratarem as pessoas desta forma. Os activistas dos direitos humanos que andam preocupados com Guantánamo deviam pôr os olhos na angústia dos homens e mulheres que diariamente lutam contra tudo e todos – a porta do Empire State Building, ou de qualquer edifício de escritórios, à porta dos restaurantes e nas traseiras das lojas –, e que sentem na pele o desprezo dos seus concidadãos, apenas para desfrutarem de um pequeno prazer.

3 comentários:

Anónimo disse...

Ah, agora já se pode comentar. Muito bem. COmeço pela inveja. Estou a morrer de inveja por não já ter passado quase 330 dias desde a última (e única) vez que fui aos EUA. Recomendo vivamente, principalmente naquela fase com neve, saldos pré-natal e pós Thanksgiving. Mas a melhor experiência não são as compras. Embora (abençoado euro) agora já se pode gastar dinheiro nos EUA. A melhor experiência é passear pela cidade e ver o quanto de NY é nosso: conhecia da TV e filmes muitos sítios, e é impressionante estar num sítio pela primeira vez e reconhecer as coisas. As two cathedrals do West Wing, o Central Park do Secxo e a Cidade, enfim, são milhares de pequenas coisas que nos fazem sentir americanos (no bom sentido).
MB

Carrie disse...

São milhares de pequenas coisas que me fazem querer mudar para lá durante uns anos. Haja oportunidade e não tem que me aturar mais. Prometo!

Anónimo disse...

Minha querida, o meu direito à saúde é muito superior ao seu direito ao vício.