quarta-feira, janeiro 03, 2007

Não tenho paciência

Para nada. Para ninguém.
Estou farta deste meu mal-estar, desta minha forma de viver, desta incapacidade de ultrapassar um estado de espírito negativo, que acaba comigo, que não me deixa sorrir.

Oiço risos à minha volta e não consigo suportá-los. Oiço burburinho e vozes alegres e votos de Bom Ano e não consigo acompanhá-los. A minha vontade é fugir. Sair deste ano, do passado, deste século, deste ser que sou eu para depois reaparecer como outra pessoa numa qualquer parte do mundo onde consiga respirar. Agora não sou capaz.

Cada manhã afoga-se na cama com vontade de não sair. Cada refeição é evitada com desculpas mais ou menos diferentes e sem justificação nenhuma. Cada companhia é aceite como se de uma benção se tratasse. A minha mãe não precisa de mais do que uma palavra para saber que não estou bem.

Sinto-me a afunilar. Não posso olhar para frente porque não vejo nada. Espero que ao meu lado siga alguém, sempre que possível, porque não quero estar sozinha. Mas mesmo acompanhada sinto-me só. Quero sair deste estado que me mantém presa e não me deixa correr para fora dele.

Se a minha vida fosse um filme eu seria um ser aprisionado, agarrado às grades de uma cadeia, com uma luz pequenininha em cima a deixar entra uma nesga que nem dá para ter esperança. Não aconteceu nada para isto. Nada de novo se passou. Os meus dias não tiveram sobressaltos.

Sou apenas eu que continuo a existir.

6 comentários:

Anónimo disse...

duas hipóteses:
1. vc exagerou no champagne e está de ressaca
2. vc está deprimida

um só remédio: escolha um café com paisagem e movimento, peça uma garrafa de água San Pellegrino, 750ml, tome tudo, bem devagar, apreciando os acontecimentos, sem pensar muito. Depois de 30 minutos, vá ao toilete e faça pipi... pensando que mesmo as coisas deliciosas como a água S.Pellegrino, podem transformar-se em pipi...depois pense que, o que vc acha que é apenas pipi, pode ser o fetiche de alguém...
Coma um chocolate e vá passear sem rumo por 40 minutos.

Anónimo disse...

q tal escrever um dos contos que costumam povoar este blog e que fazem as delicias de tantos leitores.......???pode ser q ajude......

DIV de divertida disse...

Muita FORÇA!!!!!

Anónimo disse...

Obrigada na mesma!
E parabéns na mesma! Pela forma como escreves... mesmo em dia não (e afinal é tão "normal" o que sentes: sem saber como nem porquê atrás de dias de sol lá vem um de chuva; ou uma fase em que desaparecer ainda sabia a pouco!)
Por aí se nota que existes mesmo... e, melhor: fazes-me sentir que eu também existo!
Olha, miúda: saúde e paz, que o resto a gente corre atrás!

antídoto disse...

Descobrimos pessoas em blogs que nos despertam a vontade de voltar e conhecer melhor.
Aqui são intensas, profundas, sensíveis, frágeis, humanas…
Pergunto-me porque se tornou tão difícil encontrá-las na rua, no dia a dia.
Muitos dos males de que padecemos são, em boa parte, culpa nossa…
Vou voltar para conhecer melhor.

Irene Ermida disse...

o conselho do sergio mac é apropriado...
por vezes ficamos assim, inexplicavelmente! Ou porque sim ou porque não, sentimo-nos derrotados por tudo à nossa volta! não és a única e apesar de não ser consolo saber isso, é uma questão de pensar que a vida é feita de momentos desses e doutros bem melhores! O melhor remédio é rirmo-nos de nós próprios!