sexta-feira, janeiro 26, 2007

Regresso ao divã

Entrou de cabeça baixa e deitou-se no divã de sempre. Forrado num tecido aveludado verde e com uma almofada mais alta para encostar a cabeça. Ele mudava-lhe sempre o pedaço de papel que cobria a almofada e assegurava a higiene de cada paciente.
- Bem-vinda!
- Acha? Volto de má vontade.
Tinha-se despedido dele no dia em que assinara os papéis do divórcio. Julgara-se curada, a partir daí. Mas não. Os fantasmas tinham voltado em grande. E por isso ali estava, para espantá-los.
- Eles voltaram, doutor. E agora estou sozinha para enfrentá-los.
Suspirou.
- Não. Está comigo. Agora é que você está bem acompanhada.

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