domingo, julho 01, 2007

Água benta

Acredito na família com o conceito que a Igreja lhe dá. Infelizmente a sociedade de hoje já não está preparada para um núcleo familiar à antiga (que não quer dizer que fosse perfeito ou honesto), um casal feliz com filhos, vários, e os avós, os tios, os primos...

Um dia tentei construir uma família e não resultou. Não desisti de uma segunda tentativa. Mas quando o fizer - acredito que tal acontecerá - a mesma Igreja em que acredito não me dará a 'benção'. Estarei fora das normas porque não viverei uma família num primeiro casamento. E é injusto.

Ela entrou ontem na dita família cristã. Estava de branco com umas florinhas amarelas no vestido, o mesmo fato que a mãe já usara em igual circunstância. Não chorou em momento algum. Nem quando lhe derramaram a água pela cabeça... Ali esteve, serena, atenta, curiosa.

Acredito que esta é uma família especial. Creio que - a ter filhos - eles farão sempre parte desta comunidade. Não hesitarei em baptizá-los. Mas será nessa mesma Igreja que vai condenar a minha união, esteja ela em que pé estiver. Não será uma união católica. Já tive uma...

Às vezes questiono-me sobre o valor da Igreja nas sociedades actuais. Pergunto-me se não seria melhor adaptar-se à realidade dos nossos dias. Já poucos fazem um casamento para a vida, e são menos ainda os que o fazem pela Igreja. Eu acreditei, quando apostei nessa solução. Fazia sentido, há seis anos. Hoje tenho dúvidas. Não pela fé e pela essência do cristianismo... mas pela forma como os católicos olham para as diferenças. Diferentes são os que não conseguem manter uma família à primeira. Diferentes são os que se amam e optam por não 'validar' essa união. Diferentes são os pais que não programaram os filhos, mesmo que os aceitem com todo o amor. Diferentes são os que não se regem pelas leis da Igreja. Muitas vezes porque já não podem...

Ela foi baptizada no seio de uma família perfeita. Também à luz da Igreja. Espero que cresça feliz pela opção dos pais. Também acredito que esta é sempre uma opção dos pais. Tão obrigatória como ir à escola...

3 comentários:

Anónimo disse...

Uma amiga nosso (em primeiras núpcias) mas casando um divorciado, teve 'direito' a uma bênção 'privada'.
Com o Pe.L. tal não seria possível MAS há outros. Ai se há!

Anónimo disse...

Já tenho passado por aqui mas é a 1ª vez que comento...por estar numa situação semelhante e por me rever a 100% nessa reflexão. Também eu, quando me casei, pela Igreja, o fiz para toda a vida...Agora estou divorciada, gostava de me casar de novo, mas serei, para a Igreja, sempre uma outsider.....

LurdesMartins disse...

É tão engraçado ver os nossos pensamentos assim expostos pelos outros...
Educar na religião católica, sendo essa a religião da família, é no fundo o seguimento de um caminho traçado e sim, concordo que é uma obrigação dos pais, mesmo que um dia o seu caminho seja diferente!
Relativamente ao casamento, não, eu ainda não casei, não sei se alguma vez o farei mas mais uma vez escreveste aquilo que a mim me vai na alma!

Também eu tenho uma amiga que em Setembro casará com alguém que é divorciado e apesar disso terá uma missa de acção de graças.