quinta-feira, julho 26, 2007

Ora Pimba, Pimba

Agosto é o mês das festas e Portugal sabe como fazê-las. Por todos os cantos do País fazem-se festarolas e romarias, procissões e missas cantadas. Sempre regadas a bom vinho e a cerveja gelada; sempre com a bela da bifana a desfazer-se na broa de milho. E, claro, com a quermesse montada, que há muita rifa para desenrolar...

A minha adolescência foi passada nestas festas de Verão, algures no concelho de Pampilhosa da Serra, o mais pobre de Portugal. Foi lá que vi cantar a Tonicha e a Lena d'Água, o Trio Odemira e o Marco Paulo. Foi nessas festas de aldeia que bebi o meu primeiro Porto, que experimentei a minha primeira cerveja, que dei o meu primeiro beijo. Foi por causa das festas que pedi aos meus avós para me deixarem sair à noite, que saltei o muro para fugir, que acordei tarde no dia seguinte. Guardo boas recordações desses dias...

Eu tinha um namoro certo nas férias de Verão, mas a maioria das minhas amigas, não. As festas eram por isso um belo sítio para arranjar casos e namoricos, beijinhos escondidos atrás da Igreja, risinhos envergonhados no intervalo das músicas. Éramos muitos, nessa altura: uns 20, às vezes mais, que nos juntávamos aos mais velhos para ter boleia. Lá nos enfiavam numa carrinha. alguns na parte de trás, poucos bem sentados, não importava... só queríamos chegar e a confusão no carro até servia para dar embalo à noite de festa.

Nunca me embebedei nessas festas. Era a certinha do grupo. Mas a cerveja regava toda a gente e poucos regressavam a casa sem cambalear. O meu namoro de férias (com que cheguei a casar, passados quase 20 anos) era um desses rapazes cheios de energia e com gosto pela fresquinha. Para me roubar uns beijos procurava acalmar-se e controlava o gosto. Bebia então sumos e coca-cola e passávamos o resto da noite em conversa melada. Sempre embalados pelo tom de festa.

No dia seguinte custava um bocadinho acordar. As noites só terminavam lá para as quatro, cinco da manhã - para mim, que tinha de estar em casa 'cedo' - e havia ainda as idas ao Relveiro, um sítio magnífico a uns quantos metros das casas da aldeia, com vista para o vale e um ventinho clássico que, mesmo nas noites frias, nos encantava para ver o céu estrelado. Se há um sítio no mundo perfeito para ver estrelas, esse sítio é o Relveiro. Mas, dizia eu, o que custava era acordar. Para depois almoçar e lá nos encontrávamos todos para falar da noite anterior.

Posta a conversa em dia e feita a digestão, seguíamos para o rio para o acordar final. É que à noite, havia outra festarola, noutro lugar, com outras atracções. Na terra também organizávamos a nossa festa. Mas o dinheiro da colectividade (lindo, não é?) era pouco e não pagava mais que um acordeonista ou uma banda mixuruca. Ainda assim lá estávamos, escondidos na Escola Primária, beijinhos e cigarros acesos às escondidas (a certinha não fumava), um passeio até ao largo para dançar com o povo, e o regresso ao esconderijo porque de noite todos os gatos são pardos.

Uma vez fizemos uma quermesse. Enrolei umas quantas rifas nos papelinhos às cores. Para dar, todas as pirosises possíveis, ofertas de fulano e sicrano, compras na loja dos 300 (que na altura não havia euros). E as velhinhas apaixonadas pelas porcelanas, as crianças pelos peluches, os homens pelas garrafas de whisky... Lembro-me que deu um bom lucro.

Mas toda esta história, para vos falar de uma festa imperdível, este ano, em Ponte de Lima. É de 10 a 12 de Agosto e no cartaz, vejam bem, há nomes como o de Tony Carreira, de Ruth Marlene, de Mónica Sintra. Isto, no primeiro dia. Ao segundo, sobem ao palco o Mickael (filho) Carreira, o José Alberto Reis e a Romana. E, a fechar, dia 12, cantam Emanuel, Ana Malhoa e Toy. Preço dos bilhetes? Quase nada: um dia são 10 euros, e pagam-se 20 euros pelos três dias! Imperdível, não é? Não me venham dizer que Agosto é um mês morto e que o Algarve é que é bom no Verão. Eu sempre andei pelo Norte, nesta altura do ano, e só tenho pena de estar numa ilha nos dias destas actuações.

Mais Pimba era difícil...

1 comentário:

maria inês disse...

como eu me revejo (exceptuando na parte em que me caso com o namoro de verão), ali pelas beiras o verão era bem parecido, e era tão bom...