sexta-feira, julho 27, 2007

Primeiro Amor

Haverá amor como o primeiro?

A questão é pertinente e muitas vezes penso nela. Pergunto-me se é possível amar duas vezes, se é possível amar como da primeira vez. Pergunto-me se depois da primeira vez é mesmo amor ou se é apenas um gostar forte, uma paixão, um comodismo, uma vontade.

O primeiro amor deixa marcas para sempre. Se for mesmo amor. Eu não acredito em relações de meses, paixões assolapadas que acabam como começam, uniões ocasionais com sentimentos à mistura. Acredito em relações fortes, em sentimentos que não controlamos, no amor crú que nos impede de falar, de raciocinar, de saber estar. Não misturo o amor com paixão. O amor segue-se à paixão e cola-se à pele sem dela querer sair. E quando o queremos arrancar ele lá está... eventualmente, para sempre.

O segredo será aprender a viver com ele, com o primeiro amor que se nos cola ao corpo? Ou o novo amor, a nova relação, a nova união transforma esse primeiro sentimento numa sensação mais serena, mais capaz, melhor? Não sei...

O primeiro amor é infantil, ingénuo, colhe-nos a alma e circuncreve-nos os reflexos. O pensamento retrai-se e fica apenas um batimento acelerado, desprotegido, tão bom que chega a saciar. Quando acaba é arrasador, destrutivo, decepcionante. Mas acabará, de facto? Ou será que vivemos para sempre com ele? Poderá alguém livrar-nos de um primeiro amor?

Crescemos com ele, habituamo-nos a ele, vestimos-lhe a cor. O primeiro amor é assim como uma borboleta que nos poisa no braço e ficamos quietos com medo que fuja, não queremos assustá-la... Então, ela bate as asas devagar e prende-nos a respiração. Observamos-lhe a beleza e fixamos nela os nossos olhos para nunca mais a esquecermos. O primeiro amor voa quando mexemos o braço. Às vezes volta. Mas muitas vezes segue para longe e deixa-nos apenas o cheiro, a memória, o vazio.

Talvez não possamos viver agarrados a ele. Talvez não seja bom para nós tê-lo como exemplo para amores futuros, relações presentes. Talvez o primeiro amor seja apenas uma experiência para outros, uma forma de sabermos o que não podemos repetir, uma maneira de aprendermos a lidar connosco próprios. Ou talvez não seja nada disto. Talvez o primeiro amor seja eterno, talvez seja a base para tudo o resto, talvez se sente à nossa direita observando os amores que então passam...

Haverá amor como o primeiro? Eu não sei...

7 comentários:

vera disse...

Eu também não sei mas espero bem que haja. :)

Carrie disse...

Não li e também não vou ler agora. Fica para depois. qdo os neurónios não estiverem perto do curto circuito. Mas já sei que me vou irritar. e aviso já.
não! não há amor como o primeiro. mas há amores muito melhores do que o primeiro.
Vou almoçar!

Carrie disse...

Ok.. leio só um bocadinho.

"Acredito em relações fortes, em sentimentos que não controlamos, no amor crú que nos impede de falar, de raciocinar, de saber estar." Carissima. isto é paixão!

LurdesMartins disse...

... eu também não!

Teresa disse...

Há tempos, e porque a memória insiste em lembrar-nos destas muito depois de elas terem perdido significado, ao pôr um post no meu A Gota de Ran Tan Plan, reparei na data. Fazia anos (tantos!) que o meu primeiro amor tinha começado! O título do post (uma homenagem a Aznavour) era ironicamente Bon, Je n'Ai Rien Oublié.
E claro que nunca se esquece. Pus de propósito um magnífico texto muito antigo de Miguel Esteves Cardoso sobre o primeiro amor no Google Page. Está aqui, vale a pena ler: http://teresa.leandro.googlepages.com/oprimeiroamor

a dona da gata disse...

Pelos visto a dúvida não é só minha v. e lurdes...

Carrie, não te preocupes: às vezes temos de pensar nisto. O passado não pode apagar-se... temos é de aprender a viver com ele.

teresa, obrigada pelo texto. Já o tinha lido, em tempos, quando comprei o livro do MEC, era ainda uma miúda. Mas agora soube-me bem relê-lo.

maria inês disse...

pois deixa marcas deixa, e algumas perseguem-nos e perseguem-nos, e nós a querer fugir...