Engordei pelo menos 5 quilos nos últimos meses. Os comprimidos terão algum efeito sobre isso, mas não posso deixar de culpar a minha má alimentação e, claro, as faltas ao ginásio. Não pus lá os pés, nos últimos três meses. E sempre a pagar.
O Rei diz que tenho três barrigas. Exagera um pouco, bem sei, mas sinto que pelo menos uma está maior do que devia. Depois são as ancas, e as pernas, os joelhos e por aí fora. Eu estou gorda que nem um texugo, é o que é!
A gordura não me assusta nem me deixa histérica, complexada ou esse tipo de coisas. Mas deixa-me insatisfeita, especialmente quando sei que já tive melhores dias e que a roupa já me assentou melhor. E depois é esta treta que toda a gente vê: as modelos das revistas, a mulher-perfeita, o corpo magro e sem curvas, as curvas certas, nos lugares certos. É a imagem que temos da perfeição. É a imagem que nos entra pelos olhos. É a imagem que todos queremos ter.
Eu quero emagrecer, mas não me parece que tenha força de vontade suficiente para o fazer. Tenho uma bicicleta maravilhosa fechada numa arrecadação há um ano; tenho uma inscrição que me permite ir todas as manhãs fazer uma aula de ginástica, tenho uma mãe que me fornece, gratuitamente, frutas e legumes, iogurtes e alimentação saudável... Só não tenho capacidade para me levantar mais cedo, para me deitar mais tarde, para evitar o croissant do lanche e o pão de Deus do pequeno-almoço. Sou uma falhada alimentar.
Eu tenho amigas magras - até neste blog - que são giras e todos os trapinhos lhes assentam. Eu tenho amigas elegantes e altas; amigas que tiveram filhos e que estão mais magras do que eu. Tenho amigas que são estrelas televisivas e têm rostos de princesa. Eu tenho um cabelo curto despenteado, maquilho-me para os casamentos e ando há mais de um mês para pintar as unhas de bordeaux. Sou uma falhada na elegância.
Este desabafo não tem nada a ver com nada. Não comi nenhum doce, hoje, e não me sinto culpada por nada. Mas olho para mim, ao espelho, todas as manhãs, e penso 'tenho de melhorar, tenho emagrecer, tenho de perder cinco quilos até Maio'. E mesmo quando for Verão já sei que vou andar nestes pensamentos. E também não vou fazer nada. E eu que até vivo num sítio onde andar a pé é um prazer. E não tenho vontade de sair de casa. Mais: não tenho sequer vontade de sair da cama.
Eu sou gorduchinha aos meus olhos, nomal aos olhos de outros, provavelmente gorda na opinião de tantos. Eu não me orgulho de mim própria. Mas também não me envergonho.
Eu estive para aqui a escrever disparates. Mas apeteceu-me embirrar com a minha gordura. Que não é, de todo, formosura... Só para ver se me entusiasmo para emagrecer.