As bolas do João
Volto a Monte Gordo, ao areal, para dar a conhecer o João. Outro João, o das bolas.
São de Berlim e, diz, ele, 'vieram de camioneta, porque o nosso melhor marcador há-de ser o Pedro Pauleta'.
Veste branco e pele castanha, escura, tez ressequida pelo sol, e um chapéu de palha na cabeça, que o faz parecer uma das personagens do Feiticeiro de Oz, o Espantalho, naturalmente.
Ouço-o para cima e para baixo mas não me cansa. Tem cantilenas sempre diferentes, apesar de todas serem viradas para o futebol. Do género: 'Olha as bolinhas do João, quem vai ganhar este ano é a nossa selecção'; 'Olha a bola tradicional, Portugal e o Brasil é que vão chegar à final'. E assim por aí adiante...
O João das bolas tem um concorrente. Limita-se a dizer 'há com creme, e sem creme', mas acaba por vender bem porque tem uma voz mais possante que a do João. É mais novo. Faz-se assim um verdadeiro jogo de forças onde a imaginação e as qualidades físicas rivalizam.
Muita gente compra. Aos dois, creio eu. Mas o João é que me faz recordar a infância em Cascais, quando as bolas de Berlim saiam das tenazes para um pequeno saco de plástico e depois para as nossas mãos cheias de areia. Naquele tempo a Bola de Berlim vendia-se com batatas fritas. Hoje deve ser proíbido misturar os dois gostinhos de praia.
Ainda não comi nenhuma. Mas se o João aaranjar cantilena que me faça rir, chamo-o e dou-lhe um euro, em troca de uma bola daquelas que engordam.
2 comentários:
Incrível! só passo aqui para lavrar o meu protesto: meninas, estão a baldar-se à prosa! já deu para perceber que a Carrie deve estar de férias e então,... 'dia santo na loja'.
Muitos falaram das famosas bolas desta praia... nem uma compramos ao Sr. João!
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