domingo, junho 04, 2006

When

Agenda aberta à minha frente. Folheio as páginas com os dias do ano, as horas dos dias. Atenta ao mais pequeno rabisco. Junho de 2005. Dias cheios de gargalhadas, algumas lágrimas. Paro quando não percebo a minha própria letra. Baixo a cabeça, aproximo os olhos do papel amarelado. Julho passou com a promessa de uma vida nova. Dias de sol, preenchidos com mar e livros. Agosto marcou um retrocesso. Afinal era só a fingir. O calor das noites, partilhadas até de manhã, em madrugadas surpreendidas com sussurros e palavras de amor, passou deixando sonhos desfeitos. Em Setembro, o calendário marca horas passadas à volta de um puzzle. Foi assim em Outubro. Novembro. Dezembro. Caíram as folhas das árvores, passaram as páginas da agenda. Juntaram-se novas vozes e novos afectos a uma história que se queria cada vez mais feliz. Em Fevereiro, no calor de uma noite do Rio, chegaram as borboletas que morreram no frio do Inverno de Lisboa. A inconsequência dos actos mostrou-me que estava crescida. Numa noite de Maio, pronta para escrever uma nova história, descobri que era estéril a certeza de que o trabalho estava terminado. Folheio as páginas da agenda. Vou eliminando datas. Mas não percebo quando falhei.

8 comentários:

Anónimo disse...

...e o Sol quente no céu azul, neste belo domingo de Junho.

PedroNuno disse...

Carrie, esclarece-me: Estas a fazer de proposito, nao estas? Fala la' da beleza das borboletas de Fevereiro no Rio, entoa nos Pasteis de Belem, tece o pano dos dias felizes; Porque ha' um monte de gente que nem sequer arrisca ter dias felizes! Quando se teem momentos de extase, os opostos parecem sempre maus. Mas ..., e o valor desses momentos de extase??!!

Carrie disse...

Estou a fazer de propósito o que?

PedroNuno disse...

Ooops! Miranda, Carrie, a escrita feita pelo amador "pn" da' nisto... A intrepertacao da Miranda do meu comment nao era a que eu intentei, nem os textos da Carrie foram interpertados por mim da mesma forma. Devo estar a precisar de ferias! (de qualquer forma; depois ainda nos admiramos que hajam guerras...) Carrie, pensava que estavas a voltar, como diz a Miranda, ao "o mundo nao quer nada comigo"; com o estar perdida no "Where" e agora com as borboletas a morrer no Inverno de Lisboa do "When". Nesse sentido, so' podias estar a fazer de proposito para te esqueceres das coisas boas. Bem, vou reler tudo outra vez... O mais certo e' o teu texto, como as pinturas, poder ter varias leituras :)

Broken M disse...

não falhaste...

Anónimo disse...

Uma pausa errada na leitura do post levou-me a outra interpretação: «Numa noite de Maio [...] descobri que era estéril [...].» :-)

PedroNuno disse...

Miranda, so' tenho a agradecer; Tens razao, isto sem entoacao quase se torna perigoso. Ja' reli... So' a CArrie pode esclarecer. Mas agora, com o Verao 'a porta, espero que esteja 'a beira rio, e se c.. nos comments :)

Carrie disse...

Sim, encontrei companhia muito interessante. O que não significa que te esteja a c. para os comments. Elucidada a primeira curiosidade do sr. engenheiro e da dra. Miranda, vamos lá aos esclarecimentos que se impõem. Pnl, não estou a fazer de propósito para que as caixas de comentários ganhem viva própria. Ainda assim, confirma-se a velha teoria de que a depressão ‘vende’. É pena.
Mesmo com dias sejam mais solares, e não estou a apenas a falar da meteorologia e desde Verão prematuro que reclama férias urgentes, a verdade é que continuo a ter as minhas angústias. E é sempre mais fácil escrever sobre elas do que sobre os momentos mais bonitos. Esse ficam guardados para mim ou são partilhados com as mulheres desta cidade em tom de confidência e longe dos olhos mais indiscretos. Ainda assim, não me esqueci da promessa de escrever sobre coisas boas. Continuo a tentar.

Madi, 'falhei' é capaz de não ter sido a expressão mais feliz. Mas que errei em algum, isso errei.

Jaime, pois...