quarta-feira, junho 14, 2006

What

De nada serviu procurar em todos os recantos da casa. Muito menos perder horas a folhear a agenda do último ano. Estava errada. Agora, se repetisse tudo outra vez, já saberia o que procurar. Esta tudo no What que me chegou ali na curva a seguir ao Sargo. O barulho do mar a entrar pela janela aberta. O cheiro da maresia a confundir-me os sentidos sem que me fizesse esboçar um sorriso. Pestanejei para ter a certeza que estava a ‘ver’ bem. Que não havia dúvidas. Que as ideias não se atropelavam. É isto. Reduzi uma mudança. Carreguei no travão. Pensei em voltar para trás. Mas ainda não estava convencida. Havia que ‘partir pedra’. Passei pelo Casino. As ideias a esvanecerem-se. A cabeça de repente mais clara. O laranja do semáforo a passar para encarnado. O mesmo vermelho com que escrevia mentalmente uma única palavra. Confiança. Mas ainda não é isso. Não é só isso. A [des]confiança nasceu de algum lado. Passo pelas esplanadas pejadas de gente apesar do adiantado da hora. Invejo-lhes, às pessoas, a descontracção aparente. O sorriso ainda não voltou. Não voltará hoje. Já o sei quando entro na recta do Guincho. Mesmo assim sigo em frente, nesta terapia que bem podia ter o patrocínio de uma qualquer petrolífera. Junto à praia decido que já chega. Paro. Inverto a marcha a caminho de casa. Decomponho mentalmente a confiança. A falta dela. Procuro o isqueiro no banco do pendura. Procuro os cigarros. Expulso o fumo pela janela. No Moinho já percebi que tudo se resumo a outra palavra. Acelero. É desta que me sacam a carta. Acreditar. Sei que deixei de acreditar. No amor? Talvez. Na sinceridade? Em mim própria? Na bondade dos outros? Na felicidade? É tema para mais uma hora de viagem. Agora só sei que não quero pensar. Hoje quero adormecer no teu abraço.

2 comentários:

Anónimo disse...

Experimenta um dia adormeceres no abraço da maresia. Limpa-te a alma de tal forma que a constipação que apanhas não tem qualquer importância. Garantido!
E a melhor hora para a voltinha da estrada do Guincho é nos crepúsculos (o matutino de preferência).

Anónimo disse...

ah! e tudo isto deve ser feito na melhor companhia que podemos arranjar: a nossa!