sábado, novembro 04, 2006

Irmão do Meio

Tens nome de álbum do Sérgio Godinho mas a tua onda musical é outra. Aliás, não é nenhuma porque limitas-te a ouvir o que passa na rádio e nãos gastas dinheiro em discos e em dvd's. Não importa, tens o teu próprio som, e isso agrada-me.

Puseste-me as prateleiras direitas, tão direitas como tu próprio tentas ser, na vida. Recto, correcto, disciplinado, coerente e equilibrado. E exiges o máximo a todos, mas todos mesmo, os que te rodeiam. As decepções lá vão surgindo por isso mantens un naipe curto de amigos. Mas quando tens um, és mesmo dele, e ele é mesmo teu. Como comigo: calhou engraçares com a tua irmã mais nova e agora ela é a tua protegida, a tua filha mais nova, mesmo quando tens outra com pouco menos de um mês. És ríspido, às vezes cruel, mas és como aqueles pais que fazem tudo para nosso bem. Só que és irmão. O do meio.

Perdeste o teu melhor amigo quando eu perdi o meu. Isso uniu-nos mais porque sentimos ambos a falta de alguém, mas agimos de maneira diferente: eu chorei-o e ainda o choro vezes sem conta; tu expurgaste-o, afastaste-te dele e quiseste afastá-lo de mim. Lembras-te da aposta em que dizias que deixavas de fumar? Perdeste e pagaste-me uma viagem aos Pirinéus... uma semana sem gastos. Foi bom porque estava nas lonas, para ti foi bom também, porque me fizeste o que farias sem aposta nenhuma e ainda tiveste um pretexto.

Não te peço conselhos porque sei que és o teu maior crítico, e por isso criticas tudo à tua volta. Mas nem preciso de pedi-los, estás sempre a dar uma opinião, mesmo quando os teus silêncios se prolongam. E como são grandes os teus silêncios. Gostas de ouvir e pensar, pensar, para agir sem falhas. Às vezes falhas demais, mas apenas porque persegues a perfeição.

Tens mãos de príncipe que conseguem arranjar tudo aquilo que tocam. Escolho-te para meu carpinteiro, canalizador e pintor. Chegas quase sempre atrasado mas vens. Vens com o teu humor próprio, a tua ironia, fazes de conta que me fazes um favor, e pensas orgulhoso que o fizeste a ti mesmo: mais uma vez, numa simples acção, ajudaste a tua irmã a ser melhor, a crescer melhor, a evoluir melhor.

Não tens de ter medo de rir. Muito menos de sorrir, abraçar e dizer que gostas. Assusta-te, a alegria partilhada e as provas dadas, de amor, de ternura, de agradecimento.

Nunva lerás este post porque não faz parte dos teus hábitos andares por este caminho. Talvez por isso possa dizer-te tanto, sem nunca te dizer quse nada.

1 comentário:

LurdesMartins disse...

Com irmãos assim, parece-me que estás bem acompanhada...