José, o grande Cid
Acabei de chegar de um espectáculo único, ao vivo e de graça, no Casino de Lisboa. O chamado espaço Arena Live tinha hoje José Cid em palco redondo, com Mike Seargent à guitarra e uma multidão louca a cantar tema por tema, todos os refrões. Disse ele que, em 50 anos de carreira, tinha sido o público mais afectuoso e o coro mais afinado de sempre. Não sei se é hábito de José cid mentir às multidões, mas se o fez, esta noite, fez mal, porque de facto, o público, era cinco estrelas. Uns por gozo, outros por recordação, outros por militância, talvez outros por curiosidade - eu estava lá pelo puro prazer de regressar aos anos 70/80 - todos aplaudiram, cantaram, gritaram, apoiaram o cantor que se auto-intitula a mãe do rock português.
Cid está anafado, gordo, diria mesmo, e o branco já não lhe fica bem, ao piano. Pulseira no braço e aliança no dedo, fio ao pescoço e os mesmo óculos escuros de sempre, revirou o público que esqueceu as máquinas do Casino para ouvir a máquina que ainda é o homem de ontem, hoje e amanhã. Tocou os grandes êxitos e ainda teve oportunidade de pôr tudo aos saltos com o refrão do Amanhã de Manhã, das Doce. Fez homenagem ao Tó-Zé Brito e trouxe o Rei D. Sebastião do nevoeiro. Claro que não faltaram êxitos como Amore, Amour ou A cabana. E todos, todos cantaram. Havia quem se chegasse ao pé do palco - visto em três níveis diferentes neste novo Casino, para se prostar, ajoelhar perante a carreira de José Cid.
Foi, sobretudo, um concerto muito divertido. Foi bom ver a minha geração - a dos 30 -a geração dos meus pais e outros que podiam ser meus sobrinhos - filhos, não - a entoar as mesmas canções, a retirar dali o mesmo prazer, a pedir mais e mais a um José Cid emocionado e, quem sabe, de lágrimas nos olhos. Cid bisou duas vezes, e saiu com vários seguranças atrás. Os espectadores queriam mais. É que o espectáculo foi mesmo bom!
A Farol - editora do cantor - ofereceu-lhe um dico de platina - creio que é já o segundo - pelas vendas deste último álbum. Um disco de memórias que mostra que Portugal ainda vive num certo passado, ainda gosta de recordar tempos antigos, ainda precisa de olhar para trás para continuar com força. José, o grande Cid, também deixou mensagem. E talvez esteja ainda nas letras moribundas de um macaco que gosta de banana, o impulso para acordar com um sorriso, apenas por se gostar de alguém. Seja qual fôr o termo de comparação!
2 comentários:
Já vi que perdi muito em não ter aceite o teu convite....
Vi-o na "Revolta dos pastéis de nata" e fiquei desiludida. Não muito porque nunca lhe achei grande piada nem nunca fui apreciadora do seu estilo.
Mas foi malcriadissimo com o outro convidado e isso tirou-lhe a pinta de marialva com que ele tanto gosta de ser identificado.
Não basta ter cavalos e ser amigo dos marqueses...
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