Dor, incredulidade, saudade
A notícia da morte de alguém que me é próximo já me acompanha desde os 14 anos. Foi precisamente no dia desse meu aniversário que tive consciência de que tudo está preso por fios e que, quando se partem, provocam uma dor enorme e uma saudade que não se apaga. Mas nunca a perda de alguém me tinha causado uma dor tão intensa, não só emocionalmente falando, mas sobretudo do ponto de vista físico. Todo o meu corpo se enrodilhou num nó, o estômago estava em chamas, os músculos doridos de tão tensos. Penso que, com a partida abrupta da minha querida Zé, tive, pela primeira vez, a consciência da minha própria morte. E dei-me conta de que sou tantas vezes egoísta e insensível com as pequenas coisas do dia-a-dia, magoando as pessoas por nada, queixando-me sem ter razão. A Zé era o sorriso mais doce que eu conhecia, mesmo sabendo eu que passou por grandes perdas e algumas duras mágoas. Mas mantinha o sorriso doce, o olhar límpido, a voz afável de quando a conheci há 15 anos na Universidade. Houve depois um tempo em que nos encontrávamos amiúde profissionalmente e depois veio um tempo em que a distância se instalou. Agora partiu para sempre e ainda não o consigo aceitar. Dizem-me que é a fase da negação. Não sei. Sei que espero de Deus algum conforto e que aprenda a honrar a vida e tudo o que ela tem de bom, mesmo nas coisas mais singelas, como fazia a minha querida Zé. Que Deus a guarde em paz, que eu a guardarei no meu coração, sempre.
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8 comentários:
É incrível que o ser humano ainda não se adaptou a algo como a morte... A morte sempre existiu, existe, e sempre irá existir. Quando é que culturalmente vamos aprender a aceitá-la uma vez que é basicamente algo natural?
Há um trabalho importante no que diz respeito à educação das novas gerações. Independentemente da religião ou forma de vida, todos temos de entender uma vez por todas que tudo acaba, logo não faz sentido entramos em dramas.
Beijos e abraços,
Rafael :)
Caro Rafael:
Só pode escrever «logo não faz sentido entramos em dramas», quem nunca perdeu um pedaço da sua identidade, sabendo que não a recupera.
O drama não se antecipa, surge do nada, sem para ele estarmos preparados.
Que a sorte te acompanhe e que esse dia seja para ti longínquo.
Às meninas do blog... beijinhos.
Chatterbox,
Em primeiro lugar não sabes se perdi ou não. Mas de facto já perdi... como todos nós num certo ponto da nossa vida, perdemos.
De certeza que quando ganhas algo ao longo da tua vida, comemoras. No entanto, na vida também se perde. Não é algo natural? A morte não é natural? Ou vives a pensar que todas as pessoas que te rodeiam são imortais? Estás a pensar que durante a tua vida, ninguém irá falecer? Estás a pensar que a morte de pessoas mais próximas só acontece aos outros?
Quer queiram, quer não, a morte é um fenómeno natural. Porquê dramatizá-lo? Porquê não querer interiorizá-lo e usá-lo como fraqueza? Não estou a dizer para deixar de sentir... mas sim perceber aquilo que sentimos.
Boa sorte também para ti... mas lembra-te que a sorte não cai do céu, conquista-se. E a primeira batalha é precisamente sabermos lidar com factos naturais e sabermos viver com os estímulos sentimentais que advêm dos mesmo.
Rafael
para quem perde pessoas que ama, rafael, esses teus comentários nao servem de nada, absolutamente nada. pq as pessoas se estão a cagar pra tudo tal a dor que sentem da perda, n percebes? teorizar é bonito mas é apenas teoria. e nem tudo é razao nesta vida, tas a ver ou n?
bjs charlotte e carry, pena ler-te, charlotte, em tao tristes circunstãncias. bjs
Isa, não estou a teorizar. Estou a partilhar a minha opinião, assim como partilhas a tua. O argumento "teorizar" não faz qualquer sentido, porque posso aplicá-lo exactamente a ti. Não o faço pois, como referi, não acho que tenha qualquer conteúdo relevante.
Ok, se achas que o drama e a depressão é o caminho para se lidar com questões naturais, força. Não é esse o conselho que dou aos meus amigos e família. Transmito-lhes força e tento que eles saiam dos problemas pela lado talvez mais difícil, mas com certeza que a médio prazo não perdem o emprego, não perdem amigos, não se isolam na solidão, não perdem a vontade de viver...
Nem tudo é razão, mas deveria ser. Ao contrário que muita gente pensa, a razão não está no lado oposto das emoções. A razão e os sentimentos complementam-se. A razão ajuda a perceber o que sentimentos, a sabermos lidar com eles...
Beijos e abraços,
Rafael :)
n e caminho porra, é preciso um gajo ficar triste, e natural, e normal, da nos tempo. é assim que funciona. ou tu desatas aos saltos e a correr para fazeres mtas coisas qdo morre alguem? se calhar nem choras nem nada, acho extraordinario mas olha, n funciona. sorry. e as pessoas n precisam de conselhos para ultrapassar a morte. precisam de tempo, de luto, se e que alguma vez a ultrapassam.
É com admiração que vejo os comentarios do outro anonimo. Ha gente muito infeliz neste mundo, tu és um deles, senao não encaravas a morte de alguem como um fenonemo natural. Nunca perdestes ninguem com quem partilhasses ideais, um ombro amigo mais do que um simples fenonemo natural.
PS: Nao sou o Anonimo de cima :)
PS1: Ao outro anonimo, qd tiveres com vontade fazer necessidades, faz mesmo no meio da rua, já que é um fenonemo natural !!!
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