sábado, dezembro 31, 2005

Um balanço. E porque não??

2005 não foi o pior ano da minha vida. Não foi o melhor.

Mas foi melhor que o ano passado... e espero que pior que o que aí vem.

Acho uma piroseira andarmos a fazer contas à vida de 365 em 365 dias. Os políticos só têm de fazer promessas de 4 em 4 anos - ultimamente menos - e nós temos de fazê-las a cada ano que passa? Porquê? E, sobretudo, para quê?

Creio que o fim do ano é como uma igreja. Só a possibilidade de lá estarmos, nos permite parar para pensar.

Por esta razão faz sentido fazermos o tal balanço, quase sempre acompanhado de uma lista de intenções que aguenta até meados de Janeiro. Depois rasga-se, perde-se, molha-se, desaparece com o tempo... e volta tudo ao mesmo.

Mas é como no Natal. Durante uns tempos anda-se meio anestesiado, e nem se nota que os aumentos da função pública não vão além dos 1,5%; ao mesmo tempo que bens de primeira necessidade aumentam 5 por cento, ou mais... E esta anestesia, não permitindo a entrada da dor, deixa-nos suspensos cerca de um mês. Se a esse mês juntarmos mais um, de férias, e outro, que é o da excitação que antecede as férias. Se somarmos ainda o mês de depois de chegarmos de férias (com as fotografias e essas tretas que nos agarram ao passado... Sobram apenas 8 meses. Que passam a correr.

Eis o segredo para deixarmos andar. Em vez de fazermos alguma coisa para que corra... bem.

Há outro fenónemo que nos impede de mudar. Os prazos. Determinamos prazos para tudo. Por exemplo, o célebre, "a partir de Janeiro deixo de fumar"... Aguenta-se ali uma, duas semanas - eu não, que não fumo, e aguento a vida toda, até ver - mas depois lá vem uma festa: "Ah, é só hoje". Depois, uma depressão: "Ah, é só um". E como a seguir ao primeiro vêm os outros lá se estabelece um novo prazo. Quem diz no tabaco, diz em tudo. A regra serve para emagrecer, para procurar emprego, para ser mais cumpridor, para ser mais organizado, para esquecer o tipo que nos fez a cabeça em água...

Os balanços deviam ser escritos e não pensados. Deviam ser escarrapachados à nossa frente, lado a lado com a tal carta de intenções. Para que pudessemos, todos os dias, olhar para eles e reduzir, em cada mês, pelo menos um dos iténs da lista. Pelo menos um.

Vou ali fazer a minha, em vez de estar a 'postar' banalidades neste blog.

Que seja para todos, o bom 2006.

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