quarta-feira, dezembro 14, 2005

Miss Bradshaw pops up the big question*

When did we stop being free to become "you" and "me"?"

Por alguma razão insondável homens e mulheres tem uma tendência natural de se anularem estando, entendo-se este ‘estar’ por uma situação mais ou menos definida de intimidade, com o outro. Não generalizo à toa: afastei-me de amigos por isso. Perdi uma amiga durante uns meses quando ela começou a relação que tem actualmente, mas com o tempo as coisas foram-se compondo. Por estes dias um grande amigo recusa-se a sair comigo por ter uma nova namorada, achando imcompatível a nossa amizade e o seu namoro.

Talvez por serem mais sentimentais - no sentido de serem mais afectivas e dedicadas e não tanto na versão ‘Sabrina', com lágrimas e romances de faca e alguidar à mistura -, a propensão para praticar o ‘nós’ em detrimento do ‘eu’ é maior nas mulheres. Não crítico quem o faz, porque também eu já passei por isso e não sei, sinceramente, se aprendi com o erro. Mas há situações levadas ao extremo que me exasperam. Conheço quem não dê um passo fora do seu ambiente profissional, e às vezes até neste, sem que leve a reboque o seu mais-que-tudo, comportando-se como se a ‘cara metade’ fosse fisicamente isso mesmo, quais gémeos siameses.

Talvez a falta de tempo de que todas(os), de forma mais ou menos acentuada, sofremos, possa explicar as razões porque tendemos a colocar em primeiro lugar as actividades que possam incluir o “nós”. Mas será que isso explica tudo? Não explica, quase de certeza, a tendência, esta sim maioritariamente feminina, de, de um momento para o outro, as frases começarem e acabarem no plural…

* Título e citação roubados no Pausa para café, se não sabem quem é a Miss Bradshaw azar! (Obrigada R.)

1 comentário:

Broken M disse...

Essa é uma questão que tem pairado na minha cabeça durante os dois últimos anos. Perdi a minha melhor amiga porque ela arranjou um namorado. No caso dela, acho que até ultrapassou o "nós" para passar a ser "ele". Como eu passei por uma fase muito difícil e precisava mesmo da minha melhor amiga nessa altura, e ela estava muito ocupada, deixou de haver amizade.
Uma amizade que eu punha as duas mãos no fogo e talvez a cara. Saí bem queimada!
Hoje não nos falamos.