sábado, dezembro 24, 2005

Porque é Natal

Entro no carro a pensar em ti, que não me devia ter vindo embora, que o A. tem razão, que me retiro delicadamente quando ele precisa de reforços... o problema é que o A. tem razão em muitas das coisas que disse hoje. Assustou-me ver-me de repente, assim, na boca dele, mesmo que ele não soubesse que tudo o que dizia se aproximava mais de mim do que de ti. Saio sem saber como reagir à falta do teu sorriso, sem argumentos, sem palavras, gastei-as, às palavras, sem saber ainda se foram bem ou mal empregues. Entro no carro e ponho Jack Johnson no máximo para que a música me faça sorrir, se sobreponha aos pensamentos, estes e outros, os que tu adivinhaste. Nem o Jack me salva e os pensamentos impõem-se, atropelam-se, quando paro de cantar – Love is the answer, at least for most of the questions in my heart / Like why are we here? and where do we go? / And how come it's so hard? – para acender um cigarro. Fumar faz mal. Faz mesmo. Penso que não devia ter saído. Que as promessas não me convenceram, que não mereces isto, não mereces porque é Natal, porque ficas linda com um sorriso nos lábios. O mesmo que me assalta quando o conta-quilómetros passa os 140, faço curvas a rasgar e penso que podia continuar assim a noite inteira. Às vezes precisamos de tão pouco para ser felizes.

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