Junk food
Esta tinha que vir dos Estados Unidos. A "Pública" de dia 30/04 traz um artigo sobre os freegan, um movimento da sociedade civil norte-americana contra o exesso de consumo e o desperdício. Partilho a intenção, quanto à intervenção estou mais reticente...
No artigo, a grande cruzada dos freegans é protagonizada por uma executiva de topo e uma das maiores 500 empresa da "Fortune". Madeline Nelson - e mais alguns gestores bem colocados - descobriu que pode encontrar nos caixostes de lixo comida suficiente para alimentar a família. Por isso, quando sai do emprego passa o resto da tarde a vasculhar caixotes, em particular aqueles que se situam nas traseiras de restaurantes e supermercados. "Diria que 90% do que como provém do lixo. E não são restos - cozinho refeições completas para a família", diz Madeline. De acordo com esta executiva, não está em causa a necessidade, mas tão apenas a constatação do desperdício e o alerta para uma sociedade cada vez mais de consumo imediato. "Não temos de ser pobres para comer esta comida que é deitada fora. Nenhum de nós devia ser tão orgulhoso que não pudesse comer isto. E acho que alguém da classe média alta comer isto e depois dar o dinheiro que poupa aos pobres transmite uma mensagem importante ás pessoas", remata.
O meu grau de consciência social está solidário, mas ainda não atingiu esse ponto de "abnegação".
Lembrei-me a propósito dos freegans de uma loja de artigos para bebé em segunda mão que abriu em Telheiras há uns anos. O projecto era óbvio: itens como carrinhos e porta-bebés são caros e usados durante apenas alguns meses. Por isso, a ideia passava por revendê-los, desde que em bom estado. No dia em que visitei a loja encontrei alguns clientes, de aperência média alta. Não os suficientes para que o negócio vingasse. É que em Portugal as pessoas, em especial a vasta classe média, tem um preconceito contra artigos usados, explicou-me a proprietária da loja. Como se a aquisição dos mesmos fosse, de alguma forma, um sinal de poder de compra enfraquecido. Só assim se percebe que, ao contrário da maioria dos países europeus, existam tão poucas lojas em segunda mão em Portugal. É que convém manter as aparências, mesmo que a crédito.
(mais informações em www.freegan.info)
4 comentários:
Temia que os drafts se começassem a amotinar no blogge. boa posta!
Esse é o espírito, para além de um pouco de forretice, criado no Dia da Rainha. Aqui na rua principal, instala-se uma espécie de Feira da Ladra, onde se pode vender e comprar tudo em 2ª mão. Jogos e brinquedos ou equipamentos (uma bicicleta por ex.), podem fazer as delicias do 2º dono.
Tenho alguma relutância, confesso. Ou por nojo: sei lá onde é que já andou; ou por desdem: normalmente quando se deita fora é porque tem defeito.
Tenho também algum apetite. Na minha casa existem alguns "lixos" (vindos do lixo ou de qualquer "feira da ladra")bem giros, úteis, e alguns a custo zero.
Quanto à Sra. Nelson...
One Person’s Garbage...Another Person’s Treasure...
Acho o conceito culinário demasiado americanizado na sua aplicação prática aos caixotes do lixo! Eu cá, lamento, mas não!
Em relação a TUDO o resto, tenho saudades de Londres e das coisas giras que podia comprar e comprei em 2ºmão!
Em Portugal também já comprei em 2ªmão. Sem preconceito ALGUM!
Chatter, Bem-vinda de volta à Cidade.
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