quarta-feira, maio 10, 2006

um um dois

E, de repente, quando estava preocupada em provar o quão errada está a minha própria teoria – testada nas caixas comentários desta Cidade, que enchem ao mais ligeiro odor de “sangue, suor e guerra” – de que os [meus] textos mais sofríveis são escritos em dias de ‘temporal’, com nuvens negras a pairar[-me] sobre a cabeça, quando quero provar [a mim própria] que consigo escrever quando estou feliz... e, de repente, dizia eu, tocam as campainhas de alarme e entra a sô dona insónia. Podia ter telefonado a avisar que vinha. Tinha preparado um chá, acendido as velas, tinha-me instalado no tapete vermelho, com os cigarros de um lado, o chocolate do outro. Sempre a tinha recebido com alguma comodidade. Não se faz, chegar assim de repente sem sequer bater à porta, sem limpar os pés e deixar esparramadas no tapete de malmequeres da entrada as dúvidas que até há coisa de minutos eu ia jurar que não entravam nesta história. Porque pela primeira vez em muito tempo não há razões para receios. Porque por mais voltas que dê não encontro desculpas para temores nocturno. A sô dona insónia chega sempre devidamente escoltada. Mas bem que podia trazer outra companhia. O sr medo é um gajo demasiado prepotente para que o deixe entrar assim sem mais nem menos. Barrei-lhe a entrada e pedi-lhe satisfações. Quis que me explicasse por 'a mais b' porque vinha agora. Fez orelhas moucas e esquivou-se pela frincha junto às dobradiças. Agora está confortavelmente instalado na almofada de penas, atravessado na cama, sem deixar sequer um espacinho. Pergunto-me que raio vou agora fazer com ele. Tentei ligar para o 112. Toca-toca-toca...

[Há falta de 112 tenho um anjo schizo...]

4 comentários:

Dia disse...

Sou eu!!!!
Centro do mundo e anjo esquizo... Isto está cada vez melhor. Manda a insónia para Santa Marta. Ela tem lugar cativo por estas bandas (vou mandar limusine para buscar a madame).

Anónimo disse...

Já agora partilho experiência. Quando era mais novo (ou menos velho, que agora já estou na fase do copo meio cheio, meio vazio), fui obrigado a recorer ao médico da empresa. Detesto ir ao médico, detesto drogas, detesto não estar emm pleno controle de todas as minhas faculdades. E não é que o Sr me receita uns ansiolíticozinhos para diminuir o impacto do stress? Resultado, lá os comprei, mas... revoltei-me a tempo de os manter fechados na gaveta, e decidi que o melhor era mesmo apostar noutro cavalo: férias. Dez dias de relax total, sem telemóvel, computador, ou sequer televisão, boa comida e, tenho que admitir, um pouco de sorte no serviço, fizeram efeito: de regresso, já não havia ruído, pensamento, medo, sô dona Insónia ou o que quer que fosse que me impedisse de adormecer ou acordasse antes das 6:30. O local das férias foi uma das ilhotas das Maldivas. Acho que podia ter sido outro qualquer. Bom, já vou longo. Revoltem-se...

ana disse...

muito bom. grande jeito para lidar com o medo!

Anónimo disse...

o nome técnico é sabotadores, esses ninjas filhos da puta que nos apanham ao virar da esquina e nos roubam a tranquilidade. antes a carteira. Quando às maldivas, até podia ser no fundo do mar, que quando eles se instalam é preciso olhar para dentro e não evasão para fora. O certo é que, pelos vistos, resultou. E esse é o objectivo final. a cada um os seus sabotadores e respectivos contra-ataques.