quarta-feira, setembro 06, 2006

Primeira vez

Chegaram à casa desabitada há anos com uma chave na mão. Cheirava a mofo mas o sofá preto continuava no mesmo sítio, junto à janela, encostado à parede.
Ela vestia uma saia pelo joelho e uma camisa às riscas, um bocadinho clássica, um bocadinho menina; ele tinha os mesmos jeans de sempre e uma t-shirt que lhe acentuava os ombros.

Sabiam ao que iam. Mas era a primeira vez para ela, a primeira vez entre os dois.

Começou por desapertar-lhe a camisa das riscas, botão a botão, até aparecer um soutien prático, de algodão, cor de carmim, num peito apetitoso que parecia saltar de lá de dentro. Começou a beijá-la enquanto prosseguia no processo de 'desabotoação'... Ela fechou os olhos e deixou-se ir, nervosa, mas certa e confiante no que estava a acontecer. Tinha pensado naquele dia tantas vezes... e nunca o tinha imaginado assim, tão sereno, tão empolgante, tão fogoso, tão trèmulo...

A camisa saiu para o chão onde também jazia já a t-shirt dele, com uma inscrição qualquer nas costas. Motas ou o que era... O coração acelerou e o soutien soltou-se. Também foi arrancado para o chão, já a braguilha dele começava a ser desabotoada pelos dedos dela. Mãos pintadas de vermelho, mas púdicas, mãos doces e tacteantes, mas nervosas.

A saia saiu com a facilidade que lhe está destinada e ali estava ela, só de cuecas, as da cor do soutien porque nunca saia à rua sem um conjunto. E ele, duro, em cima dela, a percorrê-la com os beijos e com a língua, já com o suor a dar sinais de si, bafo quente e ofegante. Estava quase a chegar o momento.

Não se apressou e manteve-a vestida como a tinha então deixado, enquanto lhe descobria cada parte do corpo branco e sem mazelas, fino sem ser esqueléctico, suave, sem ser manteiga. Ela era perfeita - pensou - e tinha a certeza de amá-la mais do que já tinha amado uma outra pessoa. Por isso era melhor estar ali. Ela amava-o mais do que nunca. Sabia disso, sentia isso, provava isso.

Quando ele entrou dentro dela as cueecas foram apenas desviadas. Fê-lo com tanto carinho que ela teve tempo apenas para um ofegante 'ai', prolongado no momento e que lhes deu ainda mais prazer. Ela própria o desviou para se despir e continuar livre naquele acto de puro prazer. Lento, porque era uma primeira vez. Cuidado, porque era uma primeira vez.

Dormiram juntos, a seguir, sujos e sem preconceitos.
A primeira vez é feita de medos, até de dizer o que se sente, depois.
Quando acordaram entraram nos olhos um do outro e beijaram-se afectuosamente. Haveria mais vezes, sem dúvida, e tantas formas de o explorar.
Mas era amor. Já sabiam.

4 comentários:

dondoca disse...

Ainda bem que estavas sem sono. Está lindo de atrevido...

Ladybug disse...

Lindo, lindo, lindo...

Anónimo disse...

isto é uma confissão ou um desejo?

Paulo disse...

Uma primeira vez quase perfeita, onde as certezas são maiores que as incertezas, onde tudo corre como assim tivesse sido planeado longamente, onde os planos parecem as sequências de um filme. E no entanto, algo de ingénuo, quase "naif" parece transparecer no conjunto. Gostei por isso, e pela visão da primeira vez no feminino. :)))