Começaram as aulas
Lembro-me do frio do estômago. Uma sensação muito parecida à das borboletas. A ansiedade dos últimos dias. Era muito mês de férias! No final havia uma ida à Baixa. A papelaria ficava ali a meio da subida da rua da madalena. É claro que já não existe. De lá vinham os livros. Os mesmos que folheava com muito cuidado. Mas primeiro abria-os a meio e enterrava lá o nariz. Aspirava com força. Repetia o exercício com todos. Como se o cheiro da matemática, ou do meio físico e social, fosse diferente do de português. E havia os cadernos e os dossiers. Sempre gostei mais de folhas soltas que depois arquivava em argolas. Era mais fácil manter um caderno limpo. Sem gralhas. Sem rasuras. E depois havia as canetas. Uma palete inteira de cores com que nunca consegui fazer nada de jeito. Ainda hoje jogar ao Pictonary é um verdadeiro tormento. O estojo. A mochila nova [nos anos de sorte]. Espalhava tudo em cima da cama. Contava os dias que faltavam para o início das aulas. Para encher os livros de letras e de números. E na véspera não dormia. Ficava deitada, de olhos fixos no tecto, à espera da hora de acordar.
3 comentários:
Fizeste-me recordar algo tão bom... algo que com agitaçao da vida nem me lembrava mais ...
Boas memórias, repetidas por outros.
Os livros compram-se online. O material escolar ainda tem cor, texturas e cheiro! É muito bom plastificar e etiquetar-lhes os livros novos.
A esperança na cara deles... perguntam repetidamente quando é o primeiro dia. Parece que o início do ano escolar mudará tudo para sempre.
Eu descia a rua de mala às costas. Acenava à minha avó, que ficava à janela, antes e depois de atravessar no cruzamento que me levava à escola. Passava então os arcos com um último adeus e entrava num mundo que então adorava. Recordo melhor as conversas de recreio e a minha colega Claúdia. Costumávamos arrancar os posters dos partidos de esquerda, nas paredes do prédio que dava acesso à escola. Tínhamos 7 anos, e éramos do PSD! Outros tempos...
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