quarta-feira, setembro 26, 2007

Fantasmas

Na verdade não tenho nada para dizer. Mas como toda as meninas abandonaram o barco, cumpre-me a tarefa de vos ir mantendo entretidos. Talvez pudesse falar de fantasmas. O do Hitler e o outro. Aquele com quem me cruzei um destes dias à hora de almoço. A meio de uma garfada de crepe embebido em chocolate de leite, com um pedaço de strawberry cheesecake no topo. Almoços pouco saudáveis que faço com a C. de tempos a tempos. Sabem bem grandes doses de calorias enquanto o calor que resta do Verão ainda se passei pelo Chiado. O garfo no ar a centímetros da boca e de repente lá estava ela. Demorei alguns segundos a reconhecê-la. Perdi a conta aos anos. Aos que passei sem a ver. Aos que passaram sem que me lembrasse dela. Nunca esqueci os anos em que me foi imposta. Com alguma condescendência da minha parte. Afinal os outros só magoam enquanto deixamos. Durante dois anos ‘partilhei’ com ela o mesmo homem. Partilha não é o termo certo. Pelo menos não era em simultâneo. Ou quero acreditar que não era. Ele, sem dúvida um dos homens da minha vida, tinha poucas ou nenhumas certezas na vida. E ia alternando entre as duas. Acho que dependia do lado para que acordava. Nunca percebi o que o motivava. Eu deixei-me andar ao sabor desta vontade até ao dia em que disse basta. Eles continuaram. Por uns tempos, pelo menos. Eu segui para outra vida com a consolação que ele não saiu a ganhar. Os homens da minha vida trocaram-me sempre por mulheres mais feias do que eu. Fraca consolação? Talvez. Ao vê-la por estes dias, sem um espelho por perto, tenho consciência que continuo a fazer virar cabeças. Duvido que ela se distinga numa rua cheia de gente. Acho que o R. tinha razão. Só havia um motivo para que aquele homem me trocasse por ela. Olho-a de novo quando saio da loja e penso no que ele repetia de cada vez que a víamos: ‘ela deve ser muito boa de mãos e de boca’...

4 comentários:

Anónimo disse...

Ouvi uma hilariante entrevista de um detetive particular (sim, existem!) que dizia exactamente o mesmo...
As 'outras' são sempre mais feias, mais gordas, mais burras... MAS muito mais disponíveis e muito mais 'talentosas'!

Isa disse...

e eu sem saber nada disso escrevi um post no outro dia que dizia: a próxima é sempre pior do que nós e é por isso que connosco n resultou. acho que é verdade e é suposto servir de consolo... Bjs

lr disse...

apesar do que haja de acertado neste post, os fantasmas querem-se nos armários - não nos blogs. para não nos pormos à mercê. só isso, amiga.('tás no teu direito de discordar, é claro!)

Carrie disse...

Chatter, ofendes-me ao por em causa o meu talento :D

Isa, consolo? Só se for muitos anos depois. Na altura só dá raiva mesmo.

LR, amiga, este fantasma é daqueles que não assombra. Foi apenas um vislumbre. Uma oportunidade para ir escrevendo alguma coisa. Sem motivos de preocupação, portanto!