Almost a Perfect Day 1
Yoga ao abrir da pestana. Samasthitih. Alongar os músculos. Inspirar-expirar, para acordar com as ideias mais claras. Inspirar-expirar para esticar mais um bocadinho e fazer Marichasana D de forma quase perfeita. Inspirar-expirar. Equilibrar os chakras. Sair da aula com a sensação de que fui atropelada por um camião TIR. Dói-me tudo, mas estou feliz.
É dia de tratar de mim. Depois de um duche relaxante (mais uma vez, as desculpas ao País e aos ambientalistas...) sigo para uma massagem integral de uma hora. Não foi com o tailandês que andei a pedir durante toda a semana, mas com uma tipa com umas mãos de fada que pacientemente desfez todos os nós que o cansaço, o stress e os meus chefes deixaram acumulados no meu pescoço e nas minhas costas. Quando acaba, nem os pés ficaram de fora, sinto os músculos assim como que feitos de ar. E eu leve, leve... tenho a impressão que se o vento aumenta sou arrastada para longe. Não me importo, desde que me deixe perto do mar. Preciso do cheiro a maresia, de sentir a areia fria e molhada debaixo dos pés, para completar esta sensação de paz.
Acabo por dedicar a tarde à família. Dou mimos a minha avó que, aos 87 anos (88 dentro de mês), começa a dar sinais de querer desistir. Deixa-me triste. Seguro-lhe nas mãos e faço como quando era pequena: pego levemente na pele enrugada e faço caminhos ladeados por muros (é estranho como a pele se deixa ficar exactamente na mesma posição em que a coloco) que depois percorro com os dedos. Ela sorri e diz-me que contínuo na mesma, mas já não tenho cinco anos e ela já não tem a mesma força. A minha tia brinca e diz que ela agora está de dieta, que quase não come. Fico por lá muito mais tempo do que é costume. Fico triste por a ouvir dizer que já chega, que viveu demais, e tenho medo. Será que alguma vez vivemos demais? (Cont.)
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