O meu gato
O Esparguete está a passar férias em casa da dona. Já tinha saudades do meu gato. Ainda por cima voltou mais doce, anda à minha volta a pedir festas, deita-se ao meu colo, ronrona por tudo e por nada. É um gato novo, diria, não fossem as demonstrações de que há coisas que nunca vão mudar.
Dia 1: Cheguei a casa e tinha o caixote do lixo espalhado no chão, não me perguntem como ele consegue - é daqueles de metal, com tampa a vedar os cheiros e um pedal para abrir - e uma embalagem de queques destroçada. Não faço ideia qual foi a ordem da ementa, mas o prato de comida dele continuava cheio daquelas bolinhas mal cheirosas que ele habitualmente devora num abrir e fechar de mandíbulas. Presumo que estivesse com saudades do caixote do lixo e que o queque tenha sido para a sobremesa. Pelo sim, pelo não, fechei o caixote do lixo a sete chaves na despensa.
Dia 2: Quem me manda a mim deixá-lo tantas horas sozinho? Quem me manda a mim morar numa casa que não tem acesso a um quintal e uma janela por onde ele entra e saí quando quer? Um gato não é de ferro e há energias que têm que se extravasar por algum lado, certo? Mas tinha logo que ser na pilha de jornais e revistas que tinha no escritório à espera de ser reciclada, com uns quantos artigos que queria arquivar? Verdade seja dita, poupou-me o trabalho de seleccionar fosse o que fosse, com os jornais desfeitos em tiras finas, pior do que se tivessem passado por um triturador de papel, não me resta outra solução do que levar tudo para o ecoponto.
Dia 3: Já uma mulher não pode dormir mais um bocado, acordar devagarinho, um músculo de cada vez, que a coisa hoje não está para brincadeiras, depois da aula de ontem, sem que o Esparguete salte para cima da cama a pedir comida. Ao início até teve piada, umas marradinhas na cabeça tipo “dona linda (é assim que ele me trata, o que pode ser comprovado por qualquer pessoa que tenha um tradutor de 'miados'), acorda que eu tenho fome”, mas como a coisa não resultou toca de tirar as unhas para fora e fazer umas festinhas mais incisivas, primeiro nas mãos e depois na cabeça. A verdade é que funcionou e ele lá foi andando por entre as minhas pernas até à cozinha...
Esparguete! Quando o é que o teu dono volta de férias?!
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