quinta-feira, setembro 15, 2005

Tia ou simplesmente cínica?

Das duas uma: ou estou a tornar-me numa verdadeira cínica ou estou perto de entrar para o clube das tias, em vias de me mudar para a Quinta da Marinha. Não ainda não tenho um longo rabo-cavalo, mas acho que já lhes apanhei os tiques todos. Vem isto a propósito de que? De mais uma ida ao futebol, pois então.

Como a prática de orgasmos intelectuais e ejaculações precoces (prometo que não volto a escrever isto) veio para ficar, só consegui chegar a tempo de assistir à segunda parte. Não foi um banho de bola, o Benfica jogou mal e os tipos passaram o tempo todo de cabeça no ar a ver passar a bola. Mas o que interessa, ainda que não interesse nada para esta cidade sem sexo, é que ganhamos (pronto! Este assunto está praticamente arrumado, mas ainda lá volto*).

Ontem fui a Luz a convite de uma das empresas sobre as quais escrevo (sim, sei que sou uma vendida) e encontrei um camarote cheio com a ‘elite’ jornalística e uns quantos gestores xpto dos quais falava outro dia. De repente dou por mim a tratar toda a gente por querido e querida e a falar de uma maneira montes de afectada. Parei dois segundos (o jogo estava a começar e não havia tempo para mais) para pensar e tentar perceber se aquilo era defeito ou feitio. A conclusão não é das mais felizes. Esta vida (de jornaleira, leia-se) transformou-me numa cínica. Como é que sei? As tias não chamam nomes ao árbitro, nem dizem impropérios à frente da fina flor empresarial, não saltam da cadeira, nem gesticulam para dentro do campo. No final do jogo, lá estava eu novamente a distribuir um beijinho aos senhores gestores e a tratar toda a gente como se fossem meus amigos para a vida. É triste, eu sei.

(* Ontem no final do jogo liguei para a Serra. O meu pai lá fez o sacrifício de vir ao telefone… Eu: Só para dizer que Nós estamos na Liga dos Campeões e vocês? Balbuciou qualquer coisa em resposta, que nem sabia que estavam a jogar, mais isto e aquilo, para depois se sair com esta pérola. Está bem ganharam o jogo, vê lá se amanhã rezas por nós. É que é preciso ter lata! Primeiro goza e agora vem pedir ajuda? Claro que disse que sim, afinal é meu pai, as pessoas mais velhas têm que ser respeitadas, blá, blá, blá… Mas eu torcer pelo Sporting? Talvez daqui a umas semanas quando me esquecer da humilhação de Alvalade, mesmo assim…)

1 comentário:

Anónimo disse...

A propósito da questão religiosa: eu acho que devemos sempre rezar pelos pequeninos e desafortunados...
E, já agora, aceitar um bilhete para a bola é a mesma coisa que aceitar o almoço quando nos convidam. É trabalho, não é prazer (mas claro que é melhor se a comida for boa e se o Glorioso ganhar - desculpem a redundância).
MB