segunda-feira, outubro 16, 2006

Noites mal dormidas

Há duas noites que não durmo. Literalmente. Esta voltou a trazer-me uma enxaqueca que tento reduzir com um 'Migretil', e um desabafo neste post. Sinto-me sozinha na noite das trovoadas e dos relâmpagos com uma dor que é sempre minha, demasiadas vezes minha, e que quero expulsar mas não partilhar. Escrevo às escuras apenas com a luz do écran a iluminar-me o rosto, ligeiramente descaído, para não ser ofuscada e assim contribuir para o aumento da dor. Podia estar na cama mas tenho medo. Fecho os olhos e vejo coisas terríveis. Assim não: Deito cá para fora os meus anseios, os meus receios de madrugada. Ninguém sabe, por agora, só eu. A casa mergulha no silêncio mas sei que, por estas horas, já há quem esteja prestes a sair para trabalhar. Esta segunda-feira regresso, depois de 15 dias de férias, à Editoria. Talvez esteja a antecipar esse stress, esta minha dor, ou talvez esteja apenas a queixar-se do fim do descanso. Sem ele.

A chuva cai. Estava previsto o homem do jardim chegar às 9h. Não creio que venha fazer alguma coisa. Preciso de ver a relva colocada e as plantas a crescer. Preciso de um horizonte mais bonito que umas ervas dominadoras que amareleceram com o sol e cresceram sem rei nem roque. Preciso que cada parte da minha vida se organize para que, cá dentro, as coisas tomem um rumo de vez.

A noite passada foi em Aveiro. Um desastre. Não estava sozinha mas o medo não me deixou dormir. Acordei o Rei para lhe chorar no ombro e queixar-me das partidas dos sonhos. Ele passou-me a mão pela cabeça e aconchegou-me. Hoje não tenho essa sorte e peço o aconchego das teclas que me deixam desabafar. Os sonhos eram maus, muito maus. Assustadores, a ponto de não pregar olho, ter medo, falar alto, gritar. Eu não quero deitar-me com o terror de não dormir. E passaram assim duas noites.

Oiço a chuva na varanda e as pingas mais grossas que batem no metal oco. Já não acordo com o barulho porque os meus olhos não se fecharam. A cabeça explode. As veias querem saltar cá para fora. Digo-lhes que é lá dentro que devem permanecer. É melhor assim. Não estão convencidas, mas eu serei mais forte.
Eu e o 'Migretil' que nunca mais faz efeito.

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