domingo, março 19, 2006

Amanhã vou a um casamento...

... Não é o meu.
Mas faz-se no mesmo sítio onde um dia também celebrei um.

Vou a um casamento de uma rapariga que mal conheço e de um rapaz que conhecerei sempre, porque, sendo mais novo do que eu, é daqueles com quem cresci e vi crescer. Em certa medida, e presunção à parte, daqueles que 'ajudei a criar', como diz o outro...

O M. é um rapaz pacato. Já não se fazem assim. Toca viola, dá catequese, também ensina viola e faz da vida uma aprendizagem. Usa assim uma barbichinha daquelas pequenas - que não aprecio - mas que nele fica bem, porque o envelhece sem o fazer velho e faz-me ver que já não é o puto a quem dei conversa e mais conversa sobre temas do género 'fazer o melhor pelos outros', 'nunca desistir dos projectos em que acreditamos' etc, etc, etc.

Amanhã vou ao casamento do M. Acho que o dele vai durar. Vão viver para casa da mãe dele, porque o pai morreu no ano passado e a casa que ambos remodelam há uns anos ainda não está pronta. Quando casei, andava a construir uma casa com o meu namorado. Decidimos casar, mesmo assim, porque estava 'QUASE' pronta. O quase durou mais tempo que o nosso casamento. Mas com o M. não! Vai ser diferente. Digo isto com convicção porque sei que ele ponderou tudo, porque sei que aceita com calma e candura, paciência e lealdade tudo o que corre mal na vida. E recebe com um sorriso o que corre bem.

Eu quase não falo com o M. Há alguns meses. Valentes... (tirando a parte do convite)Mas trago-o na memória em situações tão dignas e tão bonitas que nunca poderei esquecer. Como o dia em que subimos aquela montanha suiça, cansados, mochila às costas - alguns, porque o M. às vezes levava duas - sol na saída, chuva quando a montanha ia a meio, e neve já no topo. Uma viagem na qual a transformação do clima parecia querer provar-nos que até podemos estar em diferentes fases da vida, em diferentes estados de humor, mas a montanha será sempre a mesma, e teremos de chegar lá a cima, seja como for... preferencialmente juntos. Todos.

Amanhã vou de branco ao casamento do M. Não como noiva - nem queria tal coisa e atenuo a cor para não parecer deselegante - mas vou como uma espécie de tia que se vê de quando em quando, e que vai chorar quando sentir que o 'sim' dele, esse sim, será para sempre.

Como as amizades. Mesmo as que assentam no passado muito atrás.

1 comentário:

Leão da Lezíria disse...

A melhor forma de os "sins" serem para sempre é acreditarmos que podem não o ser. Este "sim" é apenas o princípio. Porque estar casado também dá trabalho. Muito!