Amizade
Almocei com um dos homens da minha vida. O meu maior amigo de liceu, o único que mantenho até hoje. Da última vez que estivemos juntos passei dois dias a pensar porque raio nunca me tinha apaixonado por ele. Perguntei-me mil vezes como pude deitar fora a paixão assolapada que tinha por mim. Hoje voltei a pensar no assunto. No final do almoço, enquanto conversávamos sobre a vida um do outro, ele deu-me a resposta. Disse-me qualquer coisa como “nunca consegui ser amigo das minhas ex-namoradas”. E eu seria incapaz de perder esta amizade. Guardo-te para a vida. Toda. Mesmo que esta tenha sido injusta e nos tenha separado durante tanto tempo.
9 comentários:
Há coisas estranhas... também já me aconteceu pensar porque razão não me apaixonei por determinada pessoa... mas cheguei à mesma conclusão que tu: porque a amizade nunca teria sobrevivido.
Quando andava no liceu, o meu melhor amigo (que para mim era um verdadeiro irmão) começou a evitar-me de um dia para o outro. Às minhas constantes perguntas sobre o que se passava, ele só respondia: "Agora não posso estar ao pé de ti e não te posso explicar porquê. Quando for a altura certa, conto-te tudo."
Sofri bastante, com a sua ausência e com a curiosidade que me corroía!
Uns meses depois, explicou-me que se tinha apaixonado por mim e não queria correr o risco de estragar a nossa lindíssima amizade. Então afastou-se para me esquecer e só regressou quando teve a certeza que já não corria esse perigo.
Adorei-o. Ainda mais. foi a maior prova de amizade que me deram até hoje.
E apesar da nossa relação já não ser nada do que era, adoro-o... ainda hoje.
Já lá vão uns anos desde o liceu, mas a verdade é que, por princípio nunca queremos o que está disponível, ali mesmo à mão, aliás no sentido de um dos seus posts anteriores...a tendência, se ainda me lembro da minha adolescência, é apaixonarmo-nos pelo impossível, por aquele que nem nos liga muito, e tentar conquistá-lo...
Tb, o apaixonarmo-nos ou não por alguém não pode ser uma decisão, uma intenção...ou acontece ou não, e se não acontece espontaneamente, o mais certo é a coisa dar para o torto, mais tarde ou mais cedo, com maior sofrimento para o realmente apaixonado. E, aí sim, lá se vai a amizade, tornando-se desconfortável quase insuportável o sentimento de culpa do outro.
A questão é que o que faz sobreviver uma amizade é mesmo assim muito diferente do que faz sobreviver um amor.
Provavelmente não seria só a amizade que não teria sobrevivido, possivelmente não havia também os ingredientes para o amor sobreviver.
E porque não há atalhos que nos conduzam ao passado. As «perdas» de liceu/faculdade ficam emolduradas no caixilho dourado da nossa memória. E a memória às vezes dói.
Em resumo: ainda bem que ignoraste a minha mais-que-óbvia paixão. Teriamos trocado uns meses de sabe-se lá o quê por uma amizade que já não se usa.
O amigo do liceu
Fica sempre a curiosidade do que seriam esses "meses de sabe-se lá o quê", ou se efectivamente teriam sido só uns meses...
No meu universo alternativo do "E se...", espaço privado habitado por muitas estórias de amor, paixão, carreiras ímpares e Óscares de Hollywood, tivemos uma relação de fogo e muitas, mas mesmo muitas fotografias. Hoje em dia repousa no arquivo com o nome "memórias boas sobre coisas que nunca se concretizaram". No mundo real, eu estava demasiado apaixonado e tu eras muito nova, com muito mundo e gente para ver e conhecer. Não era coisa que resultasse...
Este é o chamado email boomerang ... "É uma das várias coisas em que as trouble girls são boas: quando querem, deixam qq um desarmado...", agora substitui girl por boy...
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