segunda-feira, março 06, 2006

Filhas da Puta – Modo de usar

Mais Cidade que Sexo proundly presents: Leão da Lezíria

Depois da saudável discussão sobre o facto de algumas mulheres gostarem de homens que as tirem do sério, impõe-se um estudo sério sobre o “modus operandi” que os filhos de Adão deverão seguir quando têm a sorte de lhes sair na rifa uma daquelas mulheres com uma moral sexual vincadamente masculina, das que tiram os homens do sério. Uma filha da puta (fdp), portanto.

Uma boa definição de fdp será aquela colega de trabalho que se senta à nossa frente no jantar de Natal da empresa. Depois de fazermos saber a mesa que nossa mulher está grávida de oito meses e são trigémeos, sentimos um pé descalço, vindo da cadeira em frente à nossa, percorrer languidamente a nossa calça do fato às riscas, detendo-se quando chega ao joelho. Um olhar de relance permite-nos concluir que é a fdp a iniciar a sua versão de Missão Impossível III. Há que reagir.

Uma reacção básica e de todo desaconselhável será a de entregar imediatamente o ouro à bandida. A travessia do deserto por que estamos a passar (lembrem-se: oitavo mês de gravidez…) tira-nos discernimento. Os menos avisados sairão do restaurante rapidamente, na esperança de que a fdp os siga. Bem podem esperar, a fdp não gosta de tanta facilidade. Nestas condições, em que entregamos os pontos, podemos contar com o desprezo eterno da fdp, que se rirá de nós no dia seguinte e ainda insinuará junto da Dona Maria da Paz (a senhora reformada que serve os cafés) que a tentámos assediar. “Coitadinha da mulher, no oitavo mês de gravidez…Animal!”, dirá a Dona Maria da Paz, que passará a olhar-nos com asco e passará a servir-nos o café em copos de plástico.

Uma reacção mais aceitável será a de ir a jogo. Tentar controlar a situação. Se os sapatos não forem daqueles com atacadores, podemos descalçar-nos recatadamente e responder na mesma moeda, isto é, afagando com o nosso pé descalço a perna da provocadora. Algumas precauções: antes de mais certificar-se que é efectivamente da fdp o pé que nos afaga (imaginem que, por erro de paralaxe, se nos afigura ser o pé da fdp quando, na verdade é o tipo do marketing). Por outro lado, ter a consciência que, no nosso caso, não nos livraremos de dar uma frouxa imagem de nós próprios se restringirmos o afago á zona abaixo do joelho. Durante toda esta acção devemos manter-nos imperturbáveis, continuando a falar animadamente sobre a OPA do Belmiro com quem está ao nosso lado. Esta acção requer técnica e muito treino, se não tivermos a certeza que conseguimos mover apenas a parte no nosso corpo abaixo da bacia, mais vale estar quieto e parar o exercício de contorcionismo.

Na hora de levantar, após o discurso do Administrador, ficar longe da fdp, isto para além de nos certificarmos que voltámos a calçar o sapato. Estratégia de toca-e-foge, portanto. Continuar a dar-lhe a primazia de ser ela a comandar a situação. Que será, será…

Normalmente a fdp nunca leva carro para os eventos sociais, pelo que será de esperar que nos aborde e pergunte se lhe podemos dar boleia para o sítio onde vamos continuar a noite. Esta é a ocasião para decidir se queremos ou não ir a jogo e, não indo a jogo, temos ainda que decidir se não vamos a jogo só esta noite (mantendo uma janela aberta para o futuro) ou se a queremos despachar definitivamente.

Não indo definitivamente a jogo, uma forma elegante de sair de cena é dizer-lhe que a nossa mulher não dorme sem nós chegarmos a casa e que Massamá Norte ainda é longe. Podemos ainda deixar o extracto de conta-ordenado em cima do banco do pendura. As fdp abominam gente que more em Massamá Norte, e abominam ainda mais homens que necessitem de ter uma conta-ordenado para pagar as contas. Prova superada, portanto.

Querendo deixar a continuação do jogo para uma oportunidade futura (porque bebemos demais e não estamos capazes de fazer boa figura com uma fdp), uma saída clássica é dizer que temos um jogo de póquer clandestino num bar mal afamado e não a podemos levar porque é perigoso. As fdp gostam da adrenalina, mas não lhes apetece acabar a noite numa espelunca na Cova da Moura. No entanto, sentir-se-á ainda mais atraída por nós, com a nossa vida paralela no bas-fond. No dia seguinte perguntar-nos-á se ganhámos ou perdemos. Naturalmente, diremos imperturbáveis e sem vacilar que perdemos cem mil euros e que estamos a precisar de desabafar com alguém. Segue jogo.

E pronto, como a comunidade masculina não me perdoaria se eu revelasse os ancestrais códigos para lidar com uma fdp, resta-me ficar por aqui, sempre à disposição, na secreta esperança de ter dado mais uma achega a esta fascinante temática.

13 comentários:

Catarina disse...

Ai Leão, que raio de mulheres andam por aí para que uma gravidez seja uma "longa travessia do deserto".

Catarina disse...

Uma moral sexual vincadamente masculina é isto?

Leão da Lezíria disse...

É verdade, Lady, em algumas situações extremas a travessia do deserto prolonga-se para além da gravidez. Não que eu conheça alguém assim, claro...

Miranda: Sempre ás ordens. Obrigado pelo espaço, lá no meu cantinho não poderia postar, é um blog muito familiar...

Catarina disse...

Leão, eu sei que existem longas travessias no deserto. E associadas à gravidez. Até acredito que algumas são mesmo culpa das hormonas.
Abençoadas sejam as minhas!

Leão da Lezíria disse...

Lady:

Amen!

Chatterbox disse...

A meninadalinha soube ou sabe que tu sempre soubeste e continuas a saber tanto de fdp?

Carrie disse...

E agora Leão?

meninadalinha disse...

Um homem com um sentido feminino apurado tem as suas vantagens!!!
Percebe a cabeça das mulheres como poucos.
Além disso lê muitos livros e revistas. E vai ao cinema com frequência.
Tudo o resto é pura imaginação...

Carrie disse...

Ou seja, Meninadalinha, é tudo garganta!

Leão da Lezíria disse...

É Carrie, é tudo garganta. Na verdade, sou um chefe de família tranquilo, casa-trabalho, trabalho-casa. Lavo o carro aos domingos de manhã e vamos todos almoçar ao McDonalds. Tudo o resto é uma cuidada montagem de coisas que vejo na televisão, adaptadas por mim.

Meninas, obrigado por me terem posto no meu devido lugar. Só que ás vezes é tão bom imaginar que sou um predador...

PS - Meninadalinha, é bom que continues a propalar essa imagem. Parece que tem o seu "je ne sais pas quoi" de afrodisíaco...

PedroNuno disse...

Malta, isto e' bem melhor do que quelquer premio pulitzer!!! estou farto de me rir!

Chatterbox disse...

Carrie, o pior é que eu também acho que é tudo garganta, muita novela mexicana e muita literatura de cordel.
Meninadalinha... fica-nos sempre bem passar a mão pelo pêlo ao macho. Ganhaste algum 'extra' com isso?
Gatinho... Ficção ou realidade estava muito engraçado. Queremos mais! Nunca se sabe quando é que no nosso caminho se atravessará uma fdp lésbica.
Tenho que saber o que fazer! Como reagir.
Sugestão para parte II: técnica a seguir para que o cônjuge nunca o possa vir a descobrir... é que como sabes a fdp faz sempre com que este venha a saber que esteve no carro naquela noite.

Carrie disse...

Chatterbox, 'Gatinho' é lindo!

A sugestão agrada-me... Leão?