Classificados III
Procura-se livro de instruções para relações humanas. Serão os cientistas que decifraram o genoma humano capazes de descodificar o sinuoso código genético dos relacionamentos amorosos? Quando caiu em desuso a frase ‘queres namorar comigo’ perderam-se também as, já de si ténues, linhas que definiam relações de intimidade antes que estas passassem pelo crivo da bênção sacerdotal ou a oficialização no registo.
A pergunta pode ser bacoca, ridícula, como são todas as declarações de amor, mas convenhamos que era bem mais fácil! Com o Sim, ou um Não, ponham-se os pontos nos i’s. Esclareciam-se formas de estar. Agora somos todos tão liberais, tão ‘trendy’, que os homens já não pedem em namoro. As mulheres, que se recusam a dar parte de fracas, dizem que isso não as afecta.
Nos últimos dois dias perguntei a dois amigos pelas namoradas. A resposta foi a mesma. ‘Não tenho namorada.’ Ah sim? Então que nome dás à gaja com quem dormes? Que vai contigo jantar fora, a quem mandas mensagens e telefonas a desoras? Como chamas à mulher que vai contigo 'aquele' concerto, ver 'aquele' filme, com quem perdes a noção de espaço e tempo? Amizade colorida? Eu chamo medo de assumir compromissos, que cresce na proporção exacta da intimidade. Mas talvez eu seja conservadora. Bota de elástico, you name it.
22 comentários:
e um dia, estes homens, tão independentes e modernos, serão atacados com a mais mortal variante do vírus do amor, uma estirpe para a qual não há vacina ou tratamento. E aí, será feita justiça. quem com o ferro mata, com o ferro morre. e, no século xxi, não me lixem, também se morre de amor.
estou farta de relações benetton, em que a negação veemente e absurda do sentimento mais nobre, mata qualquer hipótese de se ser verdadeiramente feliz.
Ia comentar, mas a Dia já disse tudo. Concordo em absoluto com as duas.
eu também durmo (de quando em vez) com um gajo e às vezes ele não é meu namorado. Pelo menos na minha cabeça.
E não tenho medo de assumir nada. Não me apetece é ter de pensar nele como tal. Por segurança. Se quiserem, por auto-protecção, talvez... 'you name it'...
São os efeitos colaterais dos novos tempos, Carrie. Antes o "dormir com" vinha depois do "namorar com". Depois achou-se (e bem) que não podia não haver relação entre as duas coisas. E tudo estaria bem se as coisas ficassem por aqui, pelo "dormir com", o "namorar com" (ou o "andar com", menos pesado...).
Só que ninguém se lembrou do amor, que é incompatível com ter ao mesmo tempo uma coisa e o seu contrário. Não se pode querer ter relações descartáveis e, ao mesmo tempo, uma relação para a vida (o que quer que seja isso, "para a vida"...).
Mas, sei-o eu e espero que acredites, o amor, os grandes amores não passaram de moda. Cohabitam, discretos e sem dar nas vistas, com o institucionalizado "damos uma, e depois cada um vai à sua vida, ok?". Agora que o amor dá muito trabalho, isso é verdade. Todos os dias.
Leão, Eu sei que os grandes amores não passaram de moda. Encontrei um há pouco tempo. Pena que não tenha querido ficar. Mas sei que existem e não desisto deles. Espero que também eles não desistam de mim.
Samantha, Temos pena, mas o teu exemplo não serve para nada. És inimputável, e nunca poderás ser julgada pelos teus próprios actos.
Dia, chegará a altura de provarem o seu próprio veneno. Só é pena que continuem a fazer vítimas pelo caminho.
Morre-se de amor sim e alguns amores não namorados. Contava à nossa vizinha dia num dia de fim de semana que foi a senhora minha mãe que fez a pergunta ao senhor meu pai. Melhor dizendo, encostou-o à "parede", se queres avança senão deixa-me em paz que me fazes perder tempo. O senhor ainda foi para casa bater com a cabeça nas paredes, e quando finalmente decidiu perguntar - queres namorar comigo?, a d.ester ainda lhe respondeu que tinha que pensar. Eu sei do amor deles.
Hoje pensa-se de menos. E às vezes também não há nada para pensar. Procura-se companhia para o corpo e distracção para a alma. O dito, o senhor que insistimos que nos bata à porta, de preferência bem acompanhado, diz-nos que juntemos os sorrisos e as lágrimas. Que aguardemos pela vez. Eu gostava de ser como um amigo meu, que se sentou e esperou pelo amor. Paciente. Acreditou e esperou.
exbloguerthê
Carrie, vais conhecendo o meu pragmatismo nisto das relações e, por arrastamento, nos amores. Se o teu grande amor não quis ficar, é porque não era um grande amor. Sequer era amor. Quando o teu grande amor aparecer, não vais sentir uma paixão arrebatadora, uma adrenalina que te fará sentir dona do mundo. Vais sentir, isso sim, tranquilidade e um inexplicável discernimento. Eu sei porque tenho um. E quis partilhar isto contigo. Não digas a ninguém...
Leão, O que senti não foi uma paixão arrebatadora, ainda que essa também tenha existido. Senti sim, essa paz e esse discernimento de que falas. Por isso sei que era um grande amor.
[PS: A Charlotte acompanha-nos no Domingo]
Fuck-Friend. Vi esta expressão pela primeira vez num filme e adoptei-a logo. Dá um colorido diferente às amigas coloridas!
Fuck-friend????????
Fuck-friend!!!!!!!!
Dass!
Vais longe vais... ai vais, vais!
Vais acabar sozinho como os sapos... e de boca aberta!
Como é que sabes que eles mandam mensagens a desoras?
Lá diz o outro: a revolução começa em nós mesmos. Já leste o teu livro de instruções?
Ela sabe, porque esta história - aliás, como adverte o post - é baseada em factos verídicos.
Uma grande amiga minha tem um fuck buddy, coisa que não condeno e até aconselho a quem vê o sexo como um acto higiénico. Ela tem a garantia de boa companhia, boa conversa e no topo do bolo uma queca. Mas desde que as regras estejam claras desde o início, repito, não acho mal. A questão é quando a coisa é encapotada, e não estou a falar de preservativos, e se esconde uma relação que é puramente sexual com a promessa de mais qualquer coisa. Ainda assim, concordo com a irritadíssima (aqui para nós, também não será caso para tanto...), e vaticino para o moi meme [por quem até nutro alguma simpatia graças à sua infância feliz, mesmo não fazendo a mínima ideia de quem é] uma morte tenebrosa...
Anónimo 1, a Dia já respondeu por mim. Obrigada amiga.
Anónimo 2, não consigo passar da introdução. Tem letras a mais...
Infelizmente hoje em dia as "não relações" estão mais em voga.
Como diz a minha mãe, está na moda!
Carrie, permite que a cite no meu blog?
Zig, links e citações [devidamente identificadas]ficam ao critério de cada.
Obrigada, Carrie.
esquece-me. quero andar
ao sabor do meu instinto
cultivado na desgraça.
o amor,
- deixa um travo, mas passa.
não tenhas pena.
do alto do meu aprumo
desafio a tua verve:
- para morrer,
qualquer lugar,
qualquer corpo,
e qualquer boca me serve.
(antónio botto)
diz que não sabe do medo da morte do amor
diz que tem medo da morte do amor
diz que o amor é morte é medo
diz que a morte é medo é amor
diz que não sabe
(alejandra pizarnik)
(Já publicado, na sua versão completa, neste blog... pela Carrie)
"...Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas,farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.
Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas...
(Miguel Esteves Cardoso in Expresso)
Carrie, amiga linda do meu coração, esta caixa de comentários está a ficar esquizo; é de fazer inveja a muito Blogger.
Beijossss
Ass: A amiga que é o centro do mundo e que tem o fuck buddy.
Não li os comentários anteriores, mas quero deixar a minha opinião.
Tenho mais medo eu de compromissos que todos os homens com que me tenho cruzado.
n podia concordar mais. n es tu q es bota de elástico é o povo q é mto inseguro! boa dia, tb gostei, bjs isa
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