terça-feira, março 14, 2006

Geografias

- O que procuras nela?
- Quero contar-lhe as sardas, Piloto. Já reparaste…? Tem milhares, e quero contá-las a todas, uma por uma, percorrendo-as com o dedo como se fosse uma carta náutica. Quero traçar rumos de cabo a rabo, ancorar nas enseadas, fazer navegação costeira na sua pele… Compreendes?
- Compreendo. Queres fodê-la.


O Cemitério dos barcos sem nome
, Arturo Pérez-Reverte

5 comentários:

PedroNuno disse...

E gostaste do livro? "... milhoes de anos de evolucao..." etc, etc: Casca 'a brava nas mulheres...

Carrie disse...

Sim, dá 'porrada' a torto e a direito. Mas também diz algumas verdades... Ao fim de alguns capítulos, tantos anos de evolução acabam por cansar. É engraçado, mas continuo a preferir a 'Rainha do Sul'

PedroNuno disse...

Pois, eu ando sempre tao atrasado na leitura que a Rainha do Sul ainda esta na prateleira... O cemiterio dos barcos sem nome jaa estava alto na minha lista de preferencias (como dizes, muitas verdades sobre a "tanssisse" dos homens ). Se a Rainha do Sul ainda e' melhor, vou alterar as sequencias...
Como parece que jaa ninguem anda tao por aqui, e nao queria estar a criar dialogo que pareceria briga pessoal, olha laa', tens assim tanto asco pela Trafaria? Estava a dar-te mais credito. Tipo conseguires descobrir os pontos de interesse onde quem soo apanha um autocarro nao consegue, o crestado quase quinhentista de meia duzia de pescadores num amalgamado de refuagiados de ex-colonias, o tipico "outra margem" que Lisboa nao consegue ver. Alfama e' bonita sem duvida; outras nao terao a mesma dimensao e peso historico (e geografico), mas antes um nao sei que de perdido, irreal. A Trafaria e' isso mesmo. E quando digo a TRafaria estava soo a pegar no teu exemplo. Ja' foste 'a Cova do Vapor? Aquilo nao existe. E' perfeitamente unico. E portanto fantastico. Dito isto, sim, ha muitos outros sitios de que gosto, eventualmente mais urbanos, mais estilo "Blue" (etnografico e culturalmente correctos...). Mas alguns mais outsiders ganham um gosto bem especial, como se tu os pudesses ainda descobrir pela primeira vez, numa confusao de estilos, vivencias, tempos.

Carrie disse...

Não diria que trata das ‘tansisses’ dos homens. Fala apenas do que é capaz um homem, aplicável também ao caso feminino, apaixonado. São dois livros muito diferentes. Parece-me que o ‘Cemitério’ explora um imaginário masculino, de aventuras, da caça ao tesouro, que não se traduz apenas na busca das esmeraldas. Já o ‘rainha’ tem uma personagem feminina muito forte, em que muitas de nós gostariamos de nos rever, não tanto pelas acções da Teresa [acho que é este o nome, já li há séculos], mas pela força de vontade que ele imprime à personagem. Talvez essa diferença de perspectiva faça com que prefira o último.

As minhas preferências não passam pelo ‘mainstream’ turístico. Mas encontrar encanto na Trafaria, o sítio onde passava no desembarque para a Costa da Caparica quando tinha 15 anos, está longe do meu imaginário. Talvez numa nova visita lhe descubra pontos de interesse. Seja como for, continuava à espera de melhor.

PedroNuno disse...

Pois, OK, percebo o teu ponto. Trafaria vai ser sempre Trafaria.
Bom, os outrso destinos ficam para proximas conversas.
Ainda um dia destes tenho que perceber como e' que voces conseguem manter o tracking dos posts todos: onde voltar, como seguir os comentarios... estou mesmo a ficar desatualizado, deve haver prai' uma ferramenta qualquer que facilite isso.