terça-feira, janeiro 10, 2006

O meu jardim

Tenho um jardim.

Há mais uns seis ou sete vizinhos meus que têm um jardim do mesmo tamanho que o meu. Ontem descobri que não tenho um jardim. Eles é que têm.

Os meus vizinhos relvaram o jardim. Plantaram flores e puseram plantas à volta. Alguns têm sistemas de rega automática, outros aproveitam o tempo livre para regar, de mangueira na mão. Uns até têm duendes - pirosos, muito - e ovelhas de cerâmica - detestáveis - a polvilhar o verde da relva verdadeira. Mas eu só queria ter um jardim.

Os meus vizinhos cuidam do jardim. Cada um cuida do seu.

O meu jardim parece um deserto, já na fronteira com a Tunísia, onde ninguém quer ir por considerar que nem é deserto, nem deixa de o ser... Os pacotes são mais baratos mas mais vale ir para o Egipto, que tem mais história. As plantas do meu jardim foram quase todas arrancadas porque estavam secas. As que restam estão mais secas que o chá. E não se aproveita nada para beber.

O meu jardim é regado quando chove. Este foi um ano de seca, lembram-se? O meu jardim não tem flores bonitas, plantas tratadas, cores realçadas.

Eu deixei de cuidar do meu jardim. E ele secou.

Ando agora a ver se compro um ancinho e já abri a torneira onde atarracha a mangueira. Mas nem sempre me apetce trabalhar de cabeça ao sol.

4 comentários:

. disse...

A grande conclusão, para os jardins como para a vida lololol: cada um tem o jardim q merece ;)))) Mas tens um jardim!!! Ninguém tem um jardim...

ana disse...

eh pá, planta cactos, daqueles que não precisam de muito cuidado. até é mais ecológico!

Leão da Lezíria disse...

Eu também tenho um jardim. Grande, com muita relva, sebe, canteiros de amores-perfeitos e lavanda, alfazema e rosas. Tem sobreiros e um pinheiro. Há espaço para uma piscina, mas eu tenho preferido estoirar o dinheiro d evárias piscinas a viajar. O meu jardim dá trabalho e eu não tenho jardineiro. Fui aprendendo a cuidar dele e agora gosto muito. Mesmo cortar a relva, nos dias em que tudo correu mal, ganhou um certo encanto. O meu jardim, tal como os meus cozinhados, é o resultado de trabalho, preserverança e alguns amargos de boca. Eu também não sabia cozinhar e agora não há prato (e petisco...) que me intimide. Eu arranjo sempre tempo para o meu jardim. Levanto-me cedo e, com o frio da manhã (e como faz frio de manhã no meu jardim, Deus meu...), vou cortando ali, replantando ali, mondando acolá. Tu levantas-te cedo, Samantha?...

Sofia Bragança Buchholz disse...

Mas tem uma coisa que nenhum dos seus vizinhos tem: uma história, um desabafo, em forma de palavras, sobre um jardim!

;-)