It’s the end of the world as we know it
Sei que prometi. Que disse que não fazia desta cidade um poço de tristezas. Sei que não gostas deste tom, Miranda. Sei que é por isso que te manténs longe. Mas hoje não consigo escrever mais nada e preciso de escrever. Preciso muito. Porque me dói o lado esquerdo do peito. Nos ataques cardíacos as dores são reflexivas. Sentem-se do lado direito, longe do coração. Começou de madrugada, quando entrei no Tóquio, quando pensava que ia, como sempre, libertar-me de todas as angústias. Enterrar os medos, seven feet under. Mas desta vez foi diferente. U2, Xutos, Morphine, REM, It’s the end of the world as we know it, mas a música não chegava aos pés, às pernas, aos braços. Não chegava porque entrava no cérebro e fazia ricochete nos pensamentos. Bem tentei mandá-los embora. Dizer-lhes que não tinha tempo para eles. Deixem-me. Vão pregar para outra freguesia e eles nada. Continuavam ali, para a frente e para atrás. Assustavam-me. Repeliam a música. Não consegui vibrar. Libertar-me. Como não consigo agora reagir. Queria dormir, só isso. Dormir para não pensar. It's the end of the world as we know it. Can't I have some time alone?
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