sexta-feira, janeiro 27, 2006

O outro crime do padre Amaro

Em jeito de balanço de final do ano de 2005 não fiz promessas vãs. Apenas formulei um desejo: trabalhar muito menos ao longo do ano que agora começa. Se soubesse melhor (de if I knew better), teria feito muitos mais desejos uma vez que vou chegar ao fim do mês de Janeiro com apenas três dias trabalhados. Quando fiz o desejo, ainda em 2005, não estava propriamente a pensar em ficar de baixa... mas que o desejo foi já parcialmente atendido, isso foi.
Hoje é o meu 23º dia sem fumar. (pausa, respirar fundo, suspiro). Até aqui, a sanidade ainda vai resistindo em nome de um pulmão lesionado e do medo de ter uma recaída. Mas a ansiedade já começa a apertar e a gritar por baba de camelo, chocolates, queques de chocolate, rebuçados, filipinos, enfim. A ementa é apenas uma pequena amostra daquilo com que durante o dia de hoje fui matando o "bicho".
Tenho tentando manter-me calma. (pausa, respirar fundo, concentar). Até à hora do telejornal de hoje, altura em que o nosso Primeiro apareceu na televisão para me dar cabo dos nervos. Então não é que até 2009, diz ele, deixará de ser preciso entregar IRS por que as finanças passarão a fazer a "presunção da dívida fiscal do contribuinte". Tipo estimativa da EDP? Sócrates anunciou-o em nome da desburocratização. A mim, parece-me mais uma ameaça. Fiquei com os nervos em franja. E comecei a pensar: e se for só uma passa, posso dar só uma passa... vai-se a ver e até me sabe mal. É isso, vai saber-me mal.. por isso posso dar só uma passa.
Na gaveta das necessidades um maço à minha espera. O coração palpita. ESTÁ VAZIO. Da palpitação à taquicárdia. Vasculho gavetas e bolsos. Nada. Desespero. Até qque fiz aquilo que não fazia há seguramente mais de uma década. Com as mãos a tremer à proporção do peso da consciência, devorei umme sabe mal. Adorei.a beata. Tal qual Padre Amaro. Soube-me pelo céu. Não enjoei, não Socorrooooooooooooooo!! Não posso voltar a cair em tentação.
Por isso, preparo-me agora para devorar uma tijela de grão cozido com azeite, um vício (outro) que remonta aos dias de inverno da minha infância.

Moral da história. Está tudo encaminhado para que o meu desejo de final de 2005 se mantenha ao longo do ano. Se não conseguir controlar-me, arrisco-me a engordar desalmadamente. Feitas as contas engorda + engorda = engorda muito = baixa de auto-estima = depressão = baixa!!

1 comentário:

Carrie disse...

Ai a menina! Foi para isso que te deixei ficar sozinha em casa? Se acabar o grão cozido avisa que eu levo mais!