Quarto 122 - The end
- Senhora enfermeira, que horas são?
- Ó minha querida ainda é cedo, faltam dez para as sete. Durma mais um bocadinho..
- Nao posso. Tenho que me arranjar. Vêm buscar-me daqui a pouco. Vou-me embora. Vou-me embora. Vou-me embora. Vou-me embora. Vou-me embora. Vou-me embora. Vou-me embora.
O disco estava riscado desde ontem à noite. Vou-me embora. Vou-me embora. Vou-me embora.
E vim mesmo. Deixei finalmente o quarto 122 e percorri a marginal como quem nunca tivesse visto o mar. Estou em casa, finalmente. Quase como que um regresso ao útero. Estou onde pertenço, onde sou.
Faz hoje uma semana que não toco num cigarro. Nem poderia ser de outra maneira pois ainda me custa a respirar. Mas este regresso a casa está a deixar-me nervosa. Em 40 minutos já bebi dois cafés e comi um queque de chocolate. Mas não consigo deixar de pensar no stock de português suave que comprei quando soube que o tabaco ia aumentar. Só eu sei onde é que escondi os maços. E se apenas cheirasse um cigarro, mesmo que apagado???
Tragam-me unhas por favor, preciso de algo para roer mas que não engorde.
Como medida de precaução, a minha mãe deve estar mesmo aí a chegar. Desejosa de cuidar de mim. Agasalha-te. Tens que comer. Tens que beber líquidos. Queres que volte amanhã? Queres que de faça as refeições dos próximos dias? Não te canses....
Quem tem uma mãe tem tudo, lá diz o ditado.
Socoooooooooorrrrrrrrrrrrooooooooooooo! A minha mãe vem aí....
3 comentários:
E eu também vou, logo, logo, é só o tempo de despachar a página da praxe. Vou aí dar-te mimos e levo qualquer coisa para roeres, daquelas que não engordam. Não faço ideia do que seja, mas algo se há-de arranjar. Welcome back!
E eu. Também vou. Estás tramada!
Releio-te e penso ‘sacrista da miúda’, como diz a Sam, ‘que escreve mesmo bem’. E pergunto-me porque não o fazes mais vezes.
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