Ovinho de Páscoa
A C. fez ontem uma semana. Vi-a hoje pela primeira vez, ao contrário do que aconteceu com os irmãos. A esses, vi-os uma hora depois de nascerem. Peguei nela com jeitinho e acariciei-lhe a cabeça. Olhos fechados, dedos compridos, um centímetro a mais desde o dia em que nasceu. Pouco cabelo, rareado, numa cabecinha sem marcas de dar à luz. Estava de branco e rosa, como uma bonequinha que escolhemos como a preferida e tratamos como se fosse a sério. Mas a C. é a sério. Choramingou. Quase nada. Era fome. A C. já não mama porque a mãe não tem leite. Pude então dar-lhe o biberão e pô-la a arrotar numa fraldinha bordada a criança. O cheiro é o dos bebés, claro. E entra-nos na alma. A C. também é minha. Não é só minha, mas também me pertence um bocadinho. E quando crescer vai correr para mim como fazem os irmãos ao ver-me chegar. E também ela ouvirá as estórias que invento, sobre um ratinho com óculos que caiu em cima de um elefante, também ele caído num buraco. E vai fazer perguntas. E vai querer que a leve para acama. Para já, a C. simplesmente existe. E isso é suficiente quando se é como ela!
1 comentário:
As C. são sempre C. e basta existirem. Sem elas, é que nós não existimos...
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