Lisboa é uma aldeia
Ainda entra pela janela o som dos últimos cânticos. A voz sai de um altifalante. Pausadamente. Do cimo da rua ainda vi o andor, as vestes vermelhas do padre ou dos ajudantes, não sei. As pessoas que caminhavam lentamente. É Dia de Ramos e a procissão é tal e qual as que lembro da minha infância. Duas semanas de férias bem medidas que começavam neste mesmo dia. Havia missa e depois lá íamos atrás do padre por toda a aldeia. Lembrei-me disto pela manhã, a caminho do pasquim, cruzando-me com mulheres e crianças com ramos de oliveira na mão. Lembrei-me das férias, dos passeios até à barragem, dos bailes na casa do povo, dos primeiros amores, das amendoeiras floridas, dos primos ‘que nascem debaixo das pedras’, dos folares doces cozidos no forno a lenha, dos pés do menino, que o padre levava de casa em casa, beijados por todos.
2 comentários:
Obrigado por me fazeres lembrar a minha Páscoa de infância, na serra, onde as tradições eram mais vivas e tinham mais significado :)
Confesso que nunca gostei da moda do Padre passar lá por casa. Tínhamos de ter comida e bebida como se fosse uma obrigação. Ainda assim, e para uma católica, a Páscoa é uma quadra muito importante. Representa o único passo impossível ao Homem: a Ressurreição. Eu vou sempre às celebrações de sexta-feira Santa e à Vigília Pascal. Adoro ouvir o sino e cantar outra vez Aleluia.
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