Parabéns
No dia em que o Teatro faz anos em todo o mundo, estás tu, no meu, de Parabéns. Passas já a barreira dos 40 e vejo-te tão novo como as crianças de escola, mochila às costas, caderno na mão, caneta pronta a escrever... na mala trazes o que te ajuda a ficar mais dias, escreves no caderno as memórias e o que não podes esquecer. Porque não esqueces, como já não me esquecerei de ti. Entraste na minha vida de noite, copos na mão, música alta, mulheres em redor. Imprevisível, fazias-me companhia, os outros saíam, conversávamos ao cimo das escadas, olhar na pista de dança, mais um gin tónico que me oferecias. Excepto à quinta, Ladies Night, mais gelo e água tónica, e o teu Jameson de sempre. Numa noite perto do Verão ficámos lá fora, só os dois, disse-te que estava triste, que vivia triste, falei-te do passado. Foste o amigo e o ouvinte, passámos despercebidos e os outros passaram por nós, ambiente de engate. Nós, nada, apenas as lágrimas que corriam comigo, o teu olhar fixo, a tua voz quente, o gelo a tremelicar de frio. Estava lua cheia. Vi-a bem quando regressei a casa, 24 de Julho fora, e tu a passar na Ponte. A mensagem que te mandei nessa noite fez-me tremer os dedos. Mão no volante, a outra no teclado, dedilhei a frase que te ficou gravada, esperei pela resposta que não tardou a chegar. Nessa noite, pela primeira vez, pensei em ti antes de adormecer. É o que tenho feito, desde então. Às vezes contigo a meu lado, outras, como hoje, deitado na outra margem. Tens mais quem olhe por ti. E tens-me. Como te tenho no coração. Amanhã voltas para celebrarmos o teu dia.
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