No Rio V
Digo adeus à cidade numa noite de chuva tropical. Dizem que amanhã, da Rocinha, virão notícias de mortes por causa das cheias e dos desabamentos. Acredito, a julgar pelas fortes bátegas de água e pelo mau escoamento das ruas, aqui em baixo. Jantámos com portugueses: o homem que trouxe a Mc Donalds para o Rio, o director-geral dos canais Telecine no Brasil, o director de uma empresa de cimentos xpto e as mulheres dos dois primeiros. Fiquei a saber que há máquinas que fazem canja de galinha como quem faz café. Com uma cápsula. Fiquei também a saber que sou mesmo pobre e que, naquela mesa, era a única (e o R.) éramos então os únicos que, nos últimos 6 meses, não tinham ido a Buenos Aires. Mas parece um bom destino, para breve. O 'Siri Mole' é caro e especializado em marisco. Na parede há diplomas e prémios para quase todos os pratos. Comi Frigideira de Siri. Nome bonito, não é? E saboroso.
Vejo que estão bem, estes casais que apostaram viver no Rio. Muito bem na vida. Ainda assim, não trocava. Não é que não me apetecesse falar de mil euros como quem fala de cem... não é que não me soubesse bem ter casas cá e lá, opções de vida dos dois lados do Atlântico... mas eu gosto de Lisboa e até da minha vida. Aliás, e pegando no post anterior, da Carrie, diria que a verdadeira mudança está nas nossas cabeças e na forma como interpretamos o que temos. É que mudar de sítio não chega. É o que eu acho. Vejamos as coisas neste prisma: a Carrie quer que chegue o dia dela quando, num belo almoço no Chiado, tem tempo para conversar com uma amiga. Eu, quando almoço, em dias de trabalho, limito-me a pensar qual dos meus colegas ou qual o jornal que me vai servir de companhia. E penso se quero a sopa sem sal ou o prato sem sabor. Carrie, é um privilégio ter amigos no Chiado! Pensas nisto e sorris, sim?!
O R. tem pena de deixar o Rio. Ele realmente gosta disto. Eu sei que voltaremos, por isso não me preocupo. Por agora penso na viagem de avião e na forma como vou recuperar do jet lag. Não há-de ser nada. Fizemos umas comprinhas. Nada de mais. Desta vez não gastei muito dinheiro a pensar nos outros. Conselhos do Leão. E da minha conta bancária. Voltamos a ver-nos um destes dias, já em casa.
2 comentários:
Agradeço todos os dias por trabalhar no chiado. É raro sair por esta porta sem levar um sorriso. quanto ao resto... talvez voltemos ao assunto em minha casa à volta de um caril de gambas, como da última vez. talvez então percebas o que parece já teres esquecido.
Querida Carrie, eu não me esqueço. Bem sabes o que penso desse teu emprego que te consome e não te traz um sorriso. Quanto ao caril de gambas, é bem-vindo! Mas o próximo repasto será em minha casa, ok? Que fique claro e escrito: Gosto muito de ti e só quero o teu melhor. Porque mereces!
Enviar um comentário