No Rio III
O R. ainda dorme. Planeámos ir hoje ao Corcovado mas ainda nem são 10 horas. Eu fui acordada pelas dores. As mesmas que me fizeram levantar a meio da noite. Ando a ben-u-rons. Vários por dia. As dores de reumático são insuportáveis e surpreendentes aos 35 anos. Mas não falemos de coisas tristes. O R. anda agora a deambular pelo apartamento. 400 reais por dois quartos, dois 'banheiros', uma pequena cozinha e uma boa sala. Vista de mar, se olharmos entre os grandes prédios da Prudente de Moraes. Dizem que é um bom preço. Especialmente se pensarmos que cabem aqui dois casais. O preço inflacciona, se assim for, mas não muito. O R. vai pagar a maior parte da conta.
Ontem o dia foi esquisito. Fomos às compras a Copacabana, à única loja que o R. conhece para comprar calças do número dele, marca YSL. A Ives, como lhe chamam aqui com pronúncia, vai deixar o Rio, diz o vendedor. Vão abrir uma loja própria. Olho para os pólos Lacoste e não gosto de nenhum. O R. pergunta-me se quero aquele com gola amarela. Não! Claro que não! À tarde fizemos uma visita a um amigo do R. No hospital. Um hospital privado. Em Botafogo. Um mundo à parte porque lá não há turistas, como em Copa ou mesmo aqui, em Ipanema. O homem anda em hospitais há 3 meses. É português. Muito rico. Mais ainda que o pai do F., que também vive no Rio e trouxe para cá a Mc Donalds. Foi com ele que almoçámos, no Giuseppe Grill. Comi uma picanha maravilhosa. (Fui agora interrompida pelo R. que, a cair de sono, apareceu para me dar mimos) A picanha, comi-a com arroz maluco. É assim parecido com o arroz dos chineses mas melhor, com mais iguarias. Pagou o pai do F., o que é importante num restaurante daqueles.
Soube que fazem visitas de jipe, guiadas, às favelas. O R. não me deixa ir. Por causa das balas perdidas. Eu tenho uma enorme curiosdidade mas já conheço o 6 de Maio e a Cova da Moura. Não tem nada a ver com a possibilidade de conhecer a Rocinha. Acho que fica para a próxima.
3 comentários:
Diga ao R que uma vez, para fazer uma reportagem, fui até à Rocinha sozinho. Andei perdido naquele emaranhado durante três horas e já tinha caído a noite quando de lá saí.Vivo e sem um arranhão.
Nas minhas cronicasdorochedo vou contar a história um dia destes.
A questão é que o R. já conhece a Rocinha. E esteve lado a lado com os traficantes. Mas os amigos portugueses de cá acham que eu não devo ir... Também é verdade que, há uns 4 anos, produzi uma reportagem sobre segurança e programas de violência, cá, e um dos meus colegas ia levando um tiro, numa favela. Fogo cruzado.
De táxi, portas trasncadas e sem parar, nada de especial, para quem já conhece o 6 de Maio e a Cova da Moura como acho que tu conheces...
Enviar um comentário