Gostamos de filhos da puta
“As mulheres gostam de ser maltratadas.” A frase, como em todas as generalizações peca por excesso, mas tem, há que reconhecer, o seu fundo de verdade.
Haverá quem goste efectivamente de ser maltratado, sem aspas. Mas isso tanto se aplica a mulheres, como a homens. Só assim se explica que apesar da banalização das campanhas contra a violência doméstica, as denúncias por maus tratos estejam ainda longe do ideal. O medo de represálias não será sempre a barreira que impede de denunciar o agressor. Há aqui um gostar que ultrapassa os limites do senso comum, do razoável. A irracionalidade explica o amor. Mesmo quando esse amor consume e deixa mazelas físicas e psicológicas.
Mais à frente o Imperial explica-se melhor… Incrível como o excesso de amor, de atenção e/ou carinho pode ter efeitos devastadores. De lesa a relação. É verdade. Quem me conhece sabe que sou assim, tipo fotocópia, sem tirar nem pôr. Aqui, o que o Imperial chama de "maus tratos" é o simples desejo de que não nos façam todas as vontades, que não estejam excessivamente disponíveis, que dêem luta. Não gostamos de homens que não saibam dizer que não. A subserviência é, ela sim, “de lesa relação” . Na verdade não gostamos de homens ‘boa pessoa’. Gostamos de filhos da puta. De homens que nos tiram do sério, que nos trocam as voltas, que nos surpreendam. Para o bem e para o mal. E aqui não somos diferentes dos homens. Tentem dizer que sim a tudo, passar-lhe as camisas a ferro, cozer-lhe as meias, levar-lhe as pantufas e a cerveja para a frente da televisão, desistir de uma noite a dois em troca de receber os amigos (dele!) lá em casa para um jogo de cartas, enquanto lhes servem uísque e amendoins, comprem-lhe a roupa, escolham que as gravatas… façam isso tudo e podem ter a certeza que ele fica, mas o mais certo é ganharem um filho e não um Homem, com H grande!
26 comentários:
I'm Speechless...
no entanto, chegar ao filho da puta nao sera demasiado? porque significa mau caracter, mesquinhez, desrespeito. Acho que conheco poucos filhos da puta (ou mais correctamente, prefiro gastar o meu tempo com outros conhecimentos). Mas nao gostaria de ver uma das minhas amigas com um deles. Posto isto, abaixo os pseudo machos. Nunca percebi muito bem como se pode viver com uma Gueisha...
É engraçado como tantos homens e várias mulheres buscam num relacionamento alguém apenas para serem cuidados... e tantos outros apenas para cuidar. Estranha reciprocidade...
E, surpresa das surpresas, Carrie, há os gajos da terceira via. Nem filhos da puta nem bananóides flácidos. Gajos que sabem o que fazer quando os filhos estão com quarenta de febre, mas que também sabem escolher o vinho certo. Gajos que não vão ao centro comercial de calça de fato de treino porque, simplesmente, não vão ao centro comercial. Gajos que às vezes ficam a trabalhar pela moite, mas que também dominam a sublime arte de fazer com que o sangue da parceira se transforme em manteiga (às vezes duas vezes seguidas...). Gajos que não são como o Mickey Rourke de "Nove Semanas e Meia" mas que também não são como o Archie Bunker de "Tudo em Família". Gajos que bebem um copo com os amigos a desoras, mas que, quando ela chega a casa rebentada com um dia de trabalho, têm em cima da mesa de jantar velas acesas e um jantar feito por ele (que pode muito bem ser um arroz de ananás com tofu, mas também um lombo de vitela au Roquefort). Gajos suficientemente básicos para gostar de futebol, mas suficientemente sofisticados para serem do Sporting e ir ver os jogos ao estádio.
Há gajos assim, Carrie, juro. Alguns ainda estão no mercado. E a massa que se poupa em psicólogos quando se descobre um gajo destes, Carrie...
Não dou o dito pelo não dito. Não faz o meu género. Mas concedo que o termo filhos da puta é a caricatura do que defendo levada ao extremo. A verdade é que mesmo em tudo o que dizes, Leão, tem que existir uma certa dose de independência do outro. Não digo, Pedro, que gosto de pseudo machos, mas sou incapaz de me sentir atraída por tipos lamechas que oferecem rosas vermelhas e ursinhos de peluche. A banalização tira-me do sério, no pior sentido. Como em tudo existe um meio termo que é difícil de encontrar, para os homens como para as mulheres…
Notas à margem: “…dominam a sublime arte de fazer com que o sangue da parceira se transforme em manteiga (às vezes duas vezes seguidas...)” Gaba-te cesto que vais à vindima, diz a sabedoria popular.
“…suficientemente sofisticados para serem do Sporting e ir ver os jogos ao estádio”. Percebo os homens que gostam de futebol, a Samantha parte-me a cabeça de cada vez que troca uma saída de gajas por uma ida ao estádio, agora dizer que a sofisticação passa por ser do Sporting, meu deus!, que blasfémia.
Não estava a falar de mim, Carrie, longe disso, para meu pesar. Eu sou mais do tipo pantufas e pijaminha dobrado. Falava de um amigo meu, que está no mercado...
PS - Os tipos da Nova Confraria estão a dar-te porrada forte e feio...
Aí está a expressão que me faltava para contrapor aos ‘filhos da puta’ (para quem, até ontem, se recusava a escrever palavrões, não me estou a sair nada mal): pantufas e pijaminha [os ‘inhos’, e aqui sou como a Sam, só agravam a situação…] dobrados. Não há paciência!
PS: Deixa-os falar, é para o lado em que durmo melhor.
Vamos repor a verdade dos factos, antes que o meu bom nome fique para sempre associado a pijaminhas dobradinhos, cuidadosamente colocadinhos debaixo da almofadinha.
Estava a falar de mim, sim, excepto numa pequena imprecisão (o arroz é árabe, não é de ananás...).
E concordo contigo, aquilo que o povo bem pensante designa como o "espaço do outro", é lugar sacro, intocável. E ai dos pseudo-"open mind" que apregoam o seu respeito por essa instituição que é o "espaço do outro" e que ao primeiro teste se vão abaixo, lhes estala o verniz e aparece o chinelo por baixo do vestido Chanel.
E, um dia, se me deres espaço neste teu (vosso) canto, partilharei contigo o que nós, filhos de Adão, achamos das mulheres fdp, como convivemos com elas, como as deixamos à beira de um ataque de nervos, como lhes sobrevivemos, como as deixamos lixadas da vida e como ressacamos de uma mulher destas...
Os tipos da Nova Confraria apreciaram muito o Post. Acontece que são uns gajos bastante "filhos da puta" que gostam de gozar com o próximo, ainda que o próximo seja alguém que nos merece consideração. Bastará ver que passamos a vida a dar porrada uns aos outros.
Leão, é só dizeres que o espaço é todo teu! Podes começar já a dar ao dedo...
Milo, benvindo a esta Cidade sem Sexo.
Carrie, prazer, Imperial deste lado.
Em primeiro, agradeço a visita À Confraria e também o desenvolvimento da ideia de que eu próprio tentei falar.
Apenas lhe digo que poderia ter partilhado directamente os seus pontos de vista na postada em questão... mas no problem (ter-se-á perdido um bom debate)
Se atentou nos comentários à postada do meu Confrade Robespierre verá que acertou em parte do que eu quis dizer.
Verá também que, ao contrário do se diz por aí, não me parece que A NOVA CONFRARIA tenha tipos(s) dando porrada forte e feio na Carrie.
Além disso, e como Milo Manara bem explicou, lá pode efectivamente dar e levar porrada. Sem dor.
Imperial,
O debate não se perdeu, limitou-se a mudar de sítio.
O que o Robespierre faz [e que eu não considero levar porrada] é levar ao extremo aquilo que é, per si, uma caricatura da situação, e com a qual o Imperial parece concordar ao dizer que "o excesso de amor, de atenção e/ou carinho pode ter efeitos devastadores”. A diferença está na forma, não no conteúdo.
Tudo está bem quando acaba bem. É para isto que serve a blogosfera, para debater ideias sem saber (nem querer saber) quem está do outro lado, o "jogo pelo jogo" (como diria o Gabriel Alves).
Deselegante, a minha referência "aos tipos da Nova Confraria que dão porrada seja em quem for". Penitencio-me rapazes, o que vos posso dizer é que gostaria de ter um blog tão boa onda" como o vosso. Melhor elogio não posso fazer...
Leão,
Sem stress. Obrigado pelo elogio. Estas convidado a participar sempre que quiseres, claro.
Miranda, tu tá sossegadita que estás muito bem assim.
Mas q um "fdp" me tira do sério, tira...óbviamente esses não servem para casar, ter filhos and so on...para isso há que caçar um Leão, se ainda houver disponível no mercado!
cas,
actualize lá o seu blog que, pelo que vou lendo nos vários comentários, vai merecer destaque em A Nova Confraria. E já que anda à caça .. olhe que avaliar pelo sentido de justiça do Leão... não vá mais longe, fique já ali.
Leão,
reforço o oportuno desafio do iluste Milo Manara. Amigos como dante e apareça.
Então meninos?! O Leão já está tomado e bem tomado. Por isso nada de confusões, ok?
Carrie,
na defesa da presa? lol
Imperial,
Esses conhecimentos de zoologia estão a precisar de ser reciclados. Um Leão é um predador e não uma presa. Seja como for não é meu. Mas defendo os interesses das amigas.
"O Leão já está tomado e bem tomado". = presa
Mas ja está explicado. a Carrie não tem presa, é mas é solidária e amiga. fica-lhe bem. O leão gostará?
Meninos, já um gajo da terceira via não pode estar ocupado uma tarde a fazer um negócio de um milhão de euros para a empresa que lhe paga o sustento, que logo se deitam a adivinhar o grau de domesticabilidade...
Quanto ao grau de domesticação, quando a leoa dominante é uma mistura de Nicole Kidman com Sophie Marceu e ainda uma pitadinha de Heidi Klum, é natural que qualquer leão se transforme em gatinho...
Como muito bem diz a Cas, os gajos da terceira via, não sendo fdp, não tiram ninguém do sério. Lei do equilíbrio: se são boas companhias para uma noite de borga, serão gordos. Se são cozinheiros de três estrelas michelin, serão baixotes. Se têm um cartão dourado na carteira, já estão a tratar da próstata. Se são um ombro amigo que nos ajudam a ver a vida de um ângulo positivo, terão os dois dentes da frente cariados.
Onde é que eu quero chegar com esta conversa? A nenhum lado...
Caro Imperial, Leão da Lezíria, Carrie:
Já cacei o Rei da Selva há 13 anos, e mantenho-o em cativeiro, lá em casa. Volta meia volta rosna e tenta morder, mas nada que uma boa dose de mimo não faça esquecer.
Sinto muito, caro Imperial, mas de momento, não ando à caça...
O que não quer dizer que não goste de caçar e ser caçada, se é que me entende...Leãozinho da Lezíria, não me subestime!
Carrie, obrigada pela solidariedade.
pela amiga é claro! Fica sp bem.
Cas:
Sábias palavras, as que aconselham a não substimar quem quer que seja...
Estou avisado. Miau...
Adorei o miau!
Somos assim, Cas...
Rugido, seguido de cauda entre as pernas. Ah, se eu tivesse nascido fdp...
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