Divã I
Deitou-se no divã como se fosse a primeira vez. Estava calma mas, por dentro, tinha o receio de quem vai despejar uma vida nas mãos de um estranho. 'Então?', lançou ele - 'Começo eu?, perguntou ela.
'Já começou', concluiu o homem.
Fala da janela com vista para o céu e ele lembra-a de que está ali para olhar para dentro, não para fora das janelas. Mas o céu pode ser o paraíso que 'quero ver dentro de mim', responde. Pausa. O céu vê-se através de três grandes janelas e a noite ainda não caiu. Longe de estar perfeito, também não é azul, mas cinzento como aquele interior que ali a leva uma vez por semana, quem sabe mais, se a coisa der para o torto.
E em pequena? Era feliz. Adolescência? Feliz. Idade adulta? Agora? Não. Mas infeliz também não que esses são sentimentos permanentes que ninguém consegue derrubar.
Então é o quê, o que sente? 'Tristeza. Solidão', diz-lhe. 'E passa Doutor?'
4 comentários:
A ignorância é a base da felicidade. O conhecimento e a dúvida o pilar das angústias.
Se passa? um pouco. Aprende-se é a viver com isso.
Therapy is a trend!
mto fixe samantha, mt fixe esta série de divã! bjs
Passa sim, responde a Doutora. Tem aqui este contacto. Peça para falar com o Leão da Lezíria.
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