terça-feira, abril 18, 2006

Divã I

Deitou-se no divã como se fosse a primeira vez. Estava calma mas, por dentro, tinha o receio de quem vai despejar uma vida nas mãos de um estranho. 'Então?', lançou ele - 'Começo eu?, perguntou ela.
'Já começou', concluiu o homem.

Fala da janela com vista para o céu e ele lembra-a de que está ali para olhar para dentro, não para fora das janelas. Mas o céu pode ser o paraíso que 'quero ver dentro de mim', responde. Pausa. O céu vê-se através de três grandes janelas e a noite ainda não caiu. Longe de estar perfeito, também não é azul, mas cinzento como aquele interior que ali a leva uma vez por semana, quem sabe mais, se a coisa der para o torto.

E em pequena? Era feliz. Adolescência? Feliz. Idade adulta? Agora? Não. Mas infeliz também não que esses são sentimentos permanentes que ninguém consegue derrubar.

Então é o quê, o que sente? 'Tristeza. Solidão', diz-lhe. 'E passa Doutor?'

4 comentários:

Anónimo disse...

A ignorância é a base da felicidade. O conhecimento e a dúvida o pilar das angústias.
Se passa? um pouco. Aprende-se é a viver com isso.

Anónimo disse...

Therapy is a trend!

Isa disse...

mto fixe samantha, mt fixe esta série de divã! bjs

Leão da Lezíria disse...

Passa sim, responde a Doutora. Tem aqui este contacto. Peça para falar com o Leão da Lezíria.