domingo, abril 23, 2006

Visita indesejada

Veio ver-me três vezes, hoje. Não bastou ter-me acordado ainda madrugada, quando entrou pela primeira vez; ainda quis acordar a meu lado pela manhã, e a meio da tarde, voltar a aparecer.

Veio dura, à primeira, lembrando-me que não tinha agido bem na noite passada. Não jantei. É verdade. Ou por outra, jantei o que não devia e esqueci-me de fazer a digestão antes de, às 10 da noite, ir para a cama. Estava exausta e achei que seria melhor assim. Enganei-me.

Ela não concordou e veio às seis da manhã. Pediu-me que a alimentasse e lá me levantei para um dos 'drunfes' do costume. Amainou. Sorriu satisfeita e deixou-me dormir.
Mas matreira, mal o sol nasceu, lá voltou a saltitar, a pular nas minhas veias, a desenvolver-se pelo meu corpo e a dar-me cabo do coração. Encolhi-me com medo. Sozinha contra ela podia fazer o quê? Nada.

Levantei-me e tentei acalmá-la com um banho quente. Sei que se sente melhor quando lhe passo a água pelos músculos, quando a cabeça se deixa molhar com uma chuveirada mais forte, com um jacto de água apontado. Vi a polícia fazer isto e resulta, com os manifestantes. Eles fogem. Mas ela não. O jacto forte não a levou para lado nenhum. Voltei a combate-la com a outra metade do 'drunfe' da madrugada. Voltou a acalmar.

Fui trabalhar. Domingo. Mas tinha de ser.

Foi quando descobriu onde estava. Passou por cima do meu pequeno-almoço e aproveitou a ausência de uma refeição decente a meio do dia para me entrar olhos dentro, sem pré-aviso. O computador nem teve tempo de reflectir a dor. Ela entrou, e pronto. Alojou-se. Estava em casa.

Foi das piores enxaquecas dos últimos tempos. Quase não abria os olhos, respirava mal e tinha dores lancinantes por todo o corpo em especial do meu lado direito.

Um anjo veio então ter comigo e levou-me a uma farmácia. A farmacêutica nem me queria vender a dose que lhe pedi, mas prometi ter cuidado e atacar a enxaqueca de uma só vez. Lá me libertou os mais fortes de todos os comprimidos, bisnagas para inalar, dose dupla. 20 Euros.

O efeito não se fez esperar. Venci-a, por hoje, com a posterior ajuda de uma sopa e o anjo devolvido ao céu. Ela anda por cá, à espera de nova oportunidade. Mas eu não quero vê-la mais hoje. E depois de a expurgar com este post, vou dormir, e sonhar que ela não voltará nunca mais. Não gosto de visitas inesperadas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Diz-te aqui uma mocinha que tem a pior das relações com a doença, com a medicina e muito em particular com a farmácia... aquilo que já disse a um membro da sua familia... algumas vezes visitado pela mesma.
A enxaqueca NÃO É NORMAL, muito em particular depois da menina fazer esse tratamento que comprou. Se voltar, tome precauções.