sábado, abril 22, 2006

Página a Página

Cansam-me agora todos os livros. Não consigo passar duas páginas seguidas sem voltar atrás para reler e retomar o fio à meada. Não consigo passar o marcador de um lado para o outro, e vejo, três dias depois, que o número de páginas lidas é praticamente o mesmo. O marcador ri-se, naquela cara de porquinho.

Mas é uma fase. Espero.

Os livros também se celebram e este domingo, dia 23, é a vez de o mundo homenagear um a um, os bem escritos, os infantis, os técnicos, os antigos, os exemplares únicos, os best-sellers... O dia mudial do livro é amanhã e faz justiça a cada página, a cada capa e contracapa, a cada lombada que tem, dentro, páginas para folhear a qualquer hora e em qualuqer lugar.

Estou triste com esta minha fase. Gostava de devorar um livro por semana, pelo menos. Gostava de saltar de um para o outro como quem muda de roupa na cama, uma vez por cada sábado; gostava de não me importar se me sinto desconforatável na cama, no sofá ou até na sanita, onde também gosto de ler. Preferia conseguir ultrapassar todos estas barreiras e ler, ler, e ler... até esquecer a minha vida para viver em cada personagem.

Porque já li com gosto e poucas coisas haverá - para mim - melhores que uma boa leitura. E até posso falar de um ou de outro livro que maracaram a minha vida até aqui... por exemplo, na meninince, 'O meu Pé de Laranja Lima' que me fazia chorar e esconder a cabeça debaixo dos lençóis para que os meus pais não ouvissem o pranto literário. Ou um Eça, lido em Maias duas vezes - a primeira pela vez do meu irmão, que no décimo ano odiava letras - ou, mais recentemente, um Zafon, com A Sombra do Vento a não deixar tapar um prazer que não se explica, mas reparte-se.

Ciente de que voltarei ao parazer da leitura, peço livros para o próximo Natal. Tenho mais um Auster à espera, na cabeceira, e uma oferta pessoal, com assinatura, para ver como é. E orgulho-me deles. De todos os que tenho e quero ter. Porque um livro é mesmo uma companhia, é mesmo um confidente, é mesmo uma história que até pode ser a nossa. Que nos leva pelas páginas, como quem segue caminhos dos outros...

Leram bem?