quinta-feira, abril 20, 2006

Morte não é Juventude

Nunca vi gente nova tão desmoralizada com tanta coisa, tão distante de tudo, tão metida para dentro, com tantas dificuldades em aceitar derrotas. Nunca vi tanta gente velha a compereeender todas estas atitudes, a não contrariá-las, a achar que é da idade, a pensar que passa aos 18 - que agora já são 25.

Eu lamento a morte de um jovem que é um ídolo porque é actor de telenovela. Tal como lamento a do que morre atropelado na Av. 24 de Julho, ou da criança que perde a vida ao carregar num semáforo de luz vermelha.

Porque a vida me importa e gosto de a ver viver, custam-me as mortes, em geral.

Mas o que me custa mais é a forma como um acontecimento natural, porque vulgar, triste, porque inesperado, possa arrastar doses de loucura, insensatez e aproveitamento de alguns. Chamo voyeurs a uns, ingénuos a outros, cretinos ainda a outros...

A morte será sempre triste para os que ficam. Mas apenas para os que amaram ela é eterna. Os outros esquecem-se, mais cedo ou mais tarde. E o acontecimento serve apenas de tema de conversa, em troca de um episódio que se saltou naquele dia.

É pena.
Porque a morte merece respeito, mesmo quando vive no amor de alguém, como sugeriu Saramago.

2 comentários:

Imperial disse...

Só para acrescentar um ponto: houve pais que levaram os filhos --alguns deles com 3, 4 anos -- ao velorio. Às 08.00 já lá estavam; caixão aberto, o morto de boné [a tapar consequências do acidente] e crianças "a prestarem a últim homenagem" [sic].

Pais, eles ?

hybrisma disse...

pessoas que nem o conhecem a chorar por ele... inacreditável.
é que nem na novela era ele mesmo, representava. como é que se gosta de uma pessoa sem a conhecer ou sem a ter visto (como é o caso, basicamente)?
que vergonha... heh.