sexta-feira, julho 14, 2006

Acordar

Acordei virada do avesso. É a segunda noite mal dormida. É sempre assim depois de uma insónia. Acho que a história se vai repetir. Não vou pregar olho. A cama vai acabar transformada num campo de batalha. Mortos e feridos espalhados pelo rosa dos lençóis. Nem me aproximo do quarto. Arrasto-me pela casa com medo de deitar a cabeça na almofada. Converso sobre livros. Vou fazendo zapping na televisão. Olho sem ver. O cinzeiro cada vez mais cheio. Está calor. Muito calor. Passo do sofá para o tapete vermelho. Acabo na banheira. Água tépida em tons de verde. Cheira a SPA. Os quadradinhos da L’Occitane fazem-me sempre pensar na Quinta das Lágrimas. Faltam as mãos que, no local em que Pedro e Inês morreram por amor, me desfizeram os nós que o peso do mundo me deixa nos ombros. Seco-me às escuras. São dois passos até ao quarto. As luzes da casa apagadas. Não quero espantar o sono. Adormeço em dois tempos. Acordo, tarde demais, virada do avesso.

3 comentários:

lr disse...

escreves bem p'ra ...!
voltando ao post: está lua cheia, não sei se reparaste. a lua explica muita coisa. ou talvez não... nesse caso junta-lhe o calor, ou junta...
pois, isso tudo.
também padeço do mal. beijos.

Anne Marie disse...

Olá!
Não vou dizer nada de especial. Apenas que a tua escrita é fabulosa! Acho mesmo que é um dom! Beijo e boas escritas!

Dia disse...

Como vês, minha amiga, não sou a única a gostar. A gostar muito.