Saudades
Bebem-se os últimos minutos do dia com sabor a caipirinha. Resquícios de açúcar amarelo que deixam na língua o travo amargo das limas. A noite vai alta. O calor acumulado perde-se no sussurro do vento. Só a discussão aquece. Sobe de tom a voz que se quer baixa, para que não entre nos sonhos dos que já dormem. Sorvo mais um golo. Penso que os dias têm corrido devagar. Calam-se as conversas. As luzes da casa apagam-se aos poucos. A água corre no lavatório. Fico só. Com o som das férias grandes. Vozes de miúdos que se confundem na noite. A cabeça mais leve. Pés descalços no frio da relva. Descarrego para o computador um giga de brincadeiras, gargalhadas, jogos de bola, banhos de mar, mergulhos de piscina, brindes de aniversário, o jogo de esconde-esconde com o G., birras de putos, corridas na areia, toldos vazios, a praia deserta... Mais do mesmo. Sou feliz assim. Os dias correm sem pressas. Só eu tenho urgência de voltar. Chegar a casa. Regressar para o que isso representa por estes dias.
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