terça-feira, julho 11, 2006

Sevilha. A viagem.

Estava demasiado quente em Sevilha o que obrigou, diariamente, a uma siesta. A capital Andaluza não perdeu, no entanto, o encanto de uma cidade com raízes e muita História. Mesmo nos momentos de olhos fechados.

O Guadalquivir mostrou-se calmo e não impediu travessias como a que um dia se fez, para uma tal ilha, Mágica, antes Cartuja, à procura de emoções fortes e cheiro de piratas. Mas sobre isso falaremos mais tarde...

As ruas de Sevilha estavam cheias. Dia e noite, à semana e nos dias de descanso. É que as rebajas chegaram às montras e o entra e sai fazia-se de sacos na mãos, com os vermelhos, os do El Corte Inglês, a sobrepôr-se aos outros, de lojas de roupas e tantas de sapatos, que ninguém anda descalço em Sevilha. Parece uma população feliz e criativa. Veste a rigor e passa na rua a moda recente para contrastar com as marcas da História, ora coloridas - como os multicolores azulejos - ora cinzentas de pedra, ou castanhas, como os monumentos que a UNESCO já classificou como Património da Humanidade: a Giralda, a Catedral, ou o Alcázar...

Foi este último que visitámos à noite. Foi edificado por volta do ano 900, e desde então são visíveis as alterações e as influências dos que por lá já passaram. A visita nocturna permitiu conhecer um pouco dos hábitos mouriscos, e entrar ali, de música de fundo a embalar, cheiro a insenso e azulejaria de mil cores a contrastar sempre, umas e outras, como se quem veio depois, apenas tivesse completado o gosto de quem já tinha saído.

Sevilha é ainda calor porque as gentes assim o querem. O castelhano ouve-se bem alto e o abocanhar das tapas e dos bocadillos não engana: estamos em Espanha. No centro da cidade as Bodegas deixam sair cheiros de refeições rápidas e variadas, que correm numa espuma de cerveja que só a temperatura pode compreender. E levantam-se toldos para tapar o sol, que as cabeças, cá em baixo, andam descobertas, bem como as carteiras que os mais distraídas deixam roubar. Assisti a uma fuga de bicicleta, já o larápio pedalava rua fora com o assaltado a correr atrás, até desistir porque as pernas não andam como as que têm raios e rolam entre quem passa distraído e habituado ao acontecimento.

Gostei de Sevilha. Até entrei na Praça de Touros, apesar de não concordar com o que ali se passa. Mas se a História da cidade passa pela Maestranza, como contorná-la? Já agora, fica a lenda Joselito, rapaz que aos 4 anos já toureava e aos 14 já matava o touro na arena. Famoso, carreira promissora, novo... suicidou-se aos 25 por amor. O corajoso Joselito, matador reconhecido, não deixou de escolher para si, um fim tão fatal como a fatalidade da paixão não correspondida.

Haverá mais, de Sevilha.

3 comentários:

Chatterbox disse...

Vou tirar brilho ao Leão, mas sabes que temos as nossas similitudes ocasionais...
Ainda mais, ele não poderia responder sob pena de represália.
Mas «Catalão»?!
É que se algum Andaluz lê isto está mesmo tramada.
Beijinhos.
PS o post está muito bem escrito.

Carrie disse...

Lindo! Mas deixa muitas saudades de Sevilha. Trás à memória outras histórias...

a dona da gata disse...

Que erro crasso!!!
Obrigada Chatter. Vou já mudar...